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CARIOCA PAULISTA /BRASIL, VENEZUELA, RÚSSIA /
NELSON DE SÁ

CARIOCA PAULISTA

O "Valor Econômico" deu mapa sobre os "blocos do pré-sal", os campos da bacia de Santos, com a "divisa de Estado" que deixa Tupi e Júpiter no Rio de Janeiro -e o novo megacampo, Carioca, inclusive royalties, em São Paulo BRASIL, VENEZUELA, RÚSSIA Na principal notícia de Brasil no site de buscas Yahoo News, ontem à noite, com reprodução também nos sites de "NYT", "Washington Post" e outros, "Brasil e Rússia vão desenvolver jatos militares em conjunto", da AP.Antes, desde Caracas, a Reuters noticiou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois de se reunir com Hugo Chávez, "prevê a instalação do Conselho Sul-Americano de Defesa ainda este ano". E o ministro não vê corrida armamentista. "É importante que os países tenham armas.""VARRE O RIO" Em "Explosão de dengue varre o Rio", o "NYT" deu as 80 mortes e descreveu bairros tomados por tendas militares -e registrou a infecção também de turistas.
Folha de São Paulo

Frases
NOVA LINGUAGEM
"Isso distancia muitíssimo da linguagem das velhas alianças clássicas, como a Otan"NELSON JOBIMministro da Defesa, dizendo que o Conselho Sul-Americano de Defesa, discutido com Hugo Chávez, não terá um perfil operacional, como queria o venezuelano, ontem na Folha.
Folha de São Paulo

Mercado Aberto
SUSTENTÁVEL
GUILHERME BARROS
Nelson Jobim (Defesa) abre o 2º Fórum de Desenvolvimento Sustentável, em 2 de maio, em Nova York. Promovido pela Anubra (Associação das Nações Unidas - Brasil), instituição vinculada à ONU, o evento terá entre os palestrantes o ex-presidente Bill Clinton e o Nobel da Paz Al Gore. São esperadas 400 pessoas, entre empresários e políticos brasileiros e estrangeiros.
Jornal do Brasil

Dengue tipo 4 chegou à América do Sul. E é a nova ameaça
Um dia depois de cobrar dos prefeitos empenho no combate à dengue, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou de tom e, durante a abertura da 11ª Marcha de Prefeitos, dividiu com municípios, governos estaduais e cidadãos a responsabilidade pelas ações de prevenção à doença e atendimento a pacientes infectados pela dengue.– Se alguém disse que eu dei um pito nos prefeitos, esse alguém mentiu – disse Lula.– É um mutirão de conscientização que nós precisamos fazer neste País. A responsabilidade, na verdade, é de 190 milhões de brasileiros, é de todos os prefeitos, de todos os governadores, do presidente da República e de quem mais estiver nos ouvindo e quiser participar desse mutirão para a gente matar o mosquito antes que ele nos mate.O presidente ainda chamou atenção para a ameaça da entrada da dengue tipo 4, já existente em alguns países da América do Sul, no Brasil. E alertou governadores de Estados da região Nordeste atingidos por enchentes para o risco de novos focos da doença durante a estação de chuvas. Durante o encontro, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reforçou a intenção do governo de criar uma Força Nacional de Saúde que, a exemplo do que já acontece na área de segurança pública, uniria militares, Defesa Civil e ministério em uma força que atuaria em situações de emergência nos Estados. A ação do governo federal no Rio de Janeiro seria uma espécie de piloto dessa força, disse Temporão.MedidasAplaudido e elogiado pelos prefeitos que discursaram durante a cerimônia, o presidente lançou uma série de ações que beneficiam diretamente as prefeituras. Decreto assinado, ontem, pelo presidente Lula permite a adesão de prefeituras a convênios com o governo federal pela internet, através de portal específico, e reduz o volume de informações exigidas das administrações municipais para a realização desses convênios. O presidente ainda enviou ao Congresso projeto de lei que determina a necessidade de convênio de cooperação entre Estados e municípios na prestação de serviços de transporte escolar para a rede pública de ensino.– Se o Estado não fizer o convênio de cooperação com a prefeitura, o recurso do transporte escolar rural que hoje nós passamos ao estado será repassado diretamente para o município – informou o presidente.Lula aproveitou a ocasião para pedir apoio aos prefeitos para a aprovação da proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso e defendeu mudanças na distribuição do ICMS no interior dos Estados. Segundo o presidente, o governo enviará ao Parlamento uma PEC propondo novos critérios de partilha do imposto.– Não podemos mais conviver com a realidade em que alguns poucos municípios chegam a receber até 130 vezes mais recursos per capita do ICMS, em comparação com outro município do mesmo Estado – criticou o presidente. (K.C.)
Jornal do Brasil

Opinião
Antes da guerra de religiões
Candido Mendes
A Fundação Cultura da Paz acaba de realizar, em Barcelona, reunião estratégica para se dar conta desta nova ameaça do século 21. Ou seja, como a partir do 11 de setembro, o confronto das identidades coletivas ameaçadas pela hegemonia ocidental pode ir à "guerra de religiões". Não as clássicas, das etapas das conquistas e do avanço do poder com a fé, ou das éticas desassombradas da conversão. Mas esse afastamento interior das culturas especialmente a islâmica, que passaram da conquista colonial à "modernização" envolvente de nossos dias, que faz da perda da sua subjetividade o preço de estar no mundo global, suas benfeitorias e exclusões.Reuniram-se na Catalunha o Conselho Mundial de Igrejas, as fés reformadas do Norte da Europa de par com os católicos da Pax romana e da Abadia de Montserrat, o islã através da voz do ex-Presidente Khatami do Irã, os judeus como o Grão Rabi de Paris, e as comunidades ortodoxas que vão aos templos apostólicos no Oriente Médio, com sua Santidade Arkan I, chefe do credo da Cilícia, e Caldeia, ou com os prelados da Igreja Assíria.Está-se em tempo de repúdio a toda tentação fácil da retórica, em toda conversa sobre a paz mundial, e o encontro foi a questões cortantes, quando a viabilidade, ainda, entre as três religiões do livro do que seja uma entente ou uma plataforma mínima para vencer uma "civilização do medo"; da proliferação dos homens-bomba; ou do entorpecimento da defesa dos Direitos Humanos; ou da retomada cabal das ameaças de Bin Laden contra a Europa; e as provocações holandesas no denegrir o islã.Não haveria apelo à religião, assentada sobre a recuperação da paz que não se desse conta, de saída, do verdadeiro universal, que representa a conquista dos Direitos Humanos. Mas o escândalo aí está, na interpelação feita ao mundo ocidental. Como avança o mundo do homem e suas prerrogativas se a luta contra o terrorismo envolve, ao mesmo tempo, o completo desrespeito a acusados de saberem qual o seu crime, e de serem efetivamente processados, saindo do limbo e do horror de Guantánamo?A conferência insistiu sobre os paradoxos a que pode levar uma visão absolutista desses Direitos, no sustentar-se, a qualquer preço e a seu risco, pelos deputados holandeses ao que vêem como liberdade de expressão, no denegrir e chegar à blasfêmia nas provocações repetidas que estão marcando este 2008?Pouco se poderia fazer, por outro lado, nesse avanço sem nos darmos conta do limite alcançado pelos universos mediáticos, e ainda a teimosia de preconceitos e idéias feitas, ou de uma desconfiança básica entre os credos, quando o arrefecimento do ecumenismo pós-Vaticano II impediu a grande esperança, ainda de uma vintena, quanto ao trabalho do Conselho Mundial das Igrejas. Volta-se à visão da fé na complexidade cultural contemporânea, a que abre um caminho tão rico o atual pontificado.Ficam as interpelações de até onde o diálogo entre a crença e a ciência, que reitera o papa Ratzinger envolveria um aprofundamento à crítica do relativismo – que vê Bento XVI com a marca do mundo pós-moderno. O mais rico sem dúvida será o próximo passo, que busca, em contrapartida, as prioridades efetivas dos Direitos Humanos, a partir desta nova intelligentsia islâmica que brota no Mediterrâneo. Não é outra a melhor resposta à catequese dos homens-bomba e a superação do "altericídio" da rejeição radical do outro – que alimenta o estopim da Al Qaeda.
O Estado de São Paulo

Descoberta põe o País em novo patamar, diz AIE
Para agência internacional, investimento não será barato
Jamil Chade
A Agência Internacional de Energia (AIE) se surpreendeu com a notícia sobre o megacampo de petróleo encontrado pelo Brasil e diz que a descoberta “coloca o País em um novo patamar no cenário internacional”. Segundo a agência, a produção da nova reserva terá um importante impacto para o mundo. “Essa é uma grande notícia tanto para o Brasil como para o mercado de petróleo no mundo, principalmente diante dos altos preços”, afirmou o embaixador William Ramsay, um dos dirigentes da agência, com sede em Paris, França, e o formulador, durante anos, da política energética americana.“O campo de Tupi já era uma grande descoberta. Isso agora, com capacidade cinco vezes maior, é surpreendente. Estamos falando de uma enorme descoberta”, disse Ramsay, que já serviu como negociador no Congo, Arábia Saudita e em outros países produtores de petróleo. Para ele, o governo brasileiro terá de tomar “algumas decisões muito estratégicas”. “Em primeiro lugar, o Brasil terá de decidir quanto vai querer investir no campo. Não será nada barato e o governo, a Petrobrás e a sociedade terão de tomar decisões sobre qual será a conta que estão dispostos a pagar. Isso determinará o ritmo dessa nova produção para o mundo.”Segundo Ramsay, a nova descoberta “coloca o Brasil em um novo patamar no mercado de petróleo”. “Se toda essa capacidade se confirmar, o Brasil passará a ser visto de outra maneira no mundo.” De acordo com a AIE, o Brasil terá de decidir como vai colocar esse petróleo no mercado no futuro. “Certamente o Brasil não vai querer inundar o mercado e fazer os preços baixarem no futuro. Mas será uma decisão estratégica.” OPEPO embaixador americano, porém, espera que o Brasil não tome a decisão de aderir à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). “Espero que, no Brasil, a razão prevaleça e o governo não tome a decisão de seguir por esse caminho.”Para a AIE, a entidade deve ser considerada um cartel, e não ajuda no desenvolvimento da produção do petróleo no mundo. “A descoberta de enormes reservas não precisa significar a mudança para um caminho que não vai ajudar a ninguém, nem ao Brasil e nem ao mundo”, concluiu o embaixador.PASSO A PASSOAntes da perfuração: estudos topográficos e sísmicos indicam a possibilidade de existência de óleo em rochas do subsolo.Poço pioneiro: o primeiro poço mapeado pela exploração pode ou não descobrir petróleo. Resultado positivo não indica ainda a existência de uma jazida comercial.Poços de extensão: se bem-sucedido o poço pioneiro, as empresas têm de comunicar a descoberta à ANP. São, então, perfurados poços de extensão no entorno para definir dimensões da jazida.Reservas: a empresa começa com poços de extensão (a quantidade pode chegar a 20, dependendo da área) a avaliar o tamanho do reservatório. Cada poço exploratório em águas ultraprofundas custa em torno de US$ 60 milhões.Comercialidade: o campo só é considerado viável comercialmente se o volume, qualidade do petróleo e tempo em que permanecer em produção cobrirem, com lucro, os custos de retirada do óleo.Desenvolvimento: comprovada a viabilidade, serão perfurados os poços de desenvolvimento (perfurações definitivas de produção do campo). O número de poços de produção de um campo depende das características do reservatório.Sonda: a sonda, utilizada para perfurar poços, é composta por uma torre da altura de um edifício de 15 andares que sustenta os tubos de perfuração. Os tubos, que conduzem a broca, passam por uma mesa giratória, na base da torre, e, por rotação, vão atravessando as camadas do subsolo.Perfuração: a perfuração é um trabalho ininterrupto. A cada 27 metros os sondadores encaixam um novo tubo. A vida útil da broca, que está na extremidade do primeiro tubo, é relativamente curta e ela precisa ser trocada várias vezes durante a sondagem.Grande profundidade: se o poço estiver a 4 mil metros, serão necessárias mais de 200 operações com tubos para troca da broca. Nas perfurações submarinas, a sonda é instalada sobre plataformas fixas ou móveis e navios.Plataformas: as plataformas que operam na Bacia de Campos custam entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões e retiram óleo a 3 mil metros de profundidade. Para as bacias da camada de pré-sal, estima-se a operação a 7 mil metros. Ainda não há informações sobre custos de plataformas de produção
O Estado de São Paulo

PF começa a patrulhar Serra do Sol
Grupo de 70 homens armados está no Distrito de Surumu, vilarejo próximo à área controlada por arrozeiros
Roldão Arruda
A Polícia Federal começou ontem a patrulhar a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Por volta das 15 horas um grupo de 70 homens fortemente armados chegou ao Distrito do Surumu - vilarejo situado na entrada da terra indígena e próximo às áreas controladas por arrozeiros, que se recusam a sair da área. Logo à frente do grupo iam dez homens do Comando de Operações Táticas - um dos mais bem treinados da instituição para o enfrentamento de situações de risco e de violência. Usavam capacetes, coletes à prova de bala e escudos, além de portar armamento pesado.Apesar do receio de alguma reação da parte dos grupos contrários à criação da reserva Raposa Serra do Sol e à retirada dos não-indígenas da área, a chegada da Polícia Federal foi tranqüila. Eles vieram em 20 picapes, que também foram usadas para o transporte de equipamentos e armas.No fim da tarde já tinham sido instaladas duas barreiras na estrada de acesso a Surumu, para controlar a passagem de pessoas para a área indígena.Ontem, a PF também instalou barreiras no Passarão, outro vilarejo, às margens do Rio Uraricoera, onde funciona uma balsa que dá acesso à Raposa Serra do Sol. As duas passagens são importantes para os índios e também para os arrozeiros. É por elas que se faz o escoamento da produção de arroz, cuja colheita começa nos próximos dias.MOBILIZAÇÃOAlém dos homens da PF, foram mobilizados 100 policiais da Força de Segurança Nacional. Eles foram os primeiros a sair de Boa Vista, na segunda-feira, acampando na terra indígena São Marcos, que faz fronteira com a Raposa. Hoje os federais se uniram a eles, com uma fila de quase 40 veículos, incluindo um caminhão de combustível, que se deslocou pela BR-174.O objetivo da operação, segundo explicações de seu coordenador, delegado Fernando Segóvia, é garantir a segurança e a tranqüilidade dos moradores até que a Justiça chegue a uma decisão final sobre a criação da Raposa Serra do Sol - que está sendo analisada no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das precauções policiais, o risco de conflitos na região não está completamente afastado.Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o arrozeiro Paulo César Quartiero, que liderou dias atrás o movimento de resistência à operação de retirada dos não-indígenas da área, voltou ontem a assumir oficialmente o cargo de prefeito de Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Ele havia sido afastado em março do ano passado, acusado de corrupção eleitoral.Seu primeiro ato administrativo, assinado ainda ontem, foi um decreto no qual transfere a sede administrativa do município para o distrito de Surumu. “Amanhã já estarei lá para despachar”, disse ele, logo após a retomada da cadeira de prefeito. “Não tenho nada a ver com a chegada a PF. Vou para lá porque existe uma situação de emergência: precisamos consertar as pontes e as estradas, para garantir o escoamento da produção de arroz, antes da chegada das chuvas.”O local é emblemático. Segundo os índios, seu verdadeiro nome é Comunidade do Barro. Mas, segundo o arrozeiro e prefeito, trata-se de um distrito de Pacaraima - criado há dois anos pela Câmara Municipal, controlada por ele. Para o Ministério Público, Pacaraima não existe, porque todo seu território foi englobado pelas terras indígenas São Marcos e Raposa Serra do Sol. Conseqüentemente, o distrito também não pode existir.Foi lá em Surumu, ou Comunidade do Barro, que os arrozeiros concentraram suas forças, dias atrás, para impedir o avanço dos federais. No momento, é o Conselho Indigenista de Roraima, que encabeça a luta pela criação da reserva, que está levando índios para lá.
O Globo

Defeitos param trens e barcas na hora do rush
Tumulto na Central do Brasil só é controlado pela polícia com o uso de gás de pimenta
Sérgio Meirelles*
Um problema mecânico com um trem vazio que chegava à Central do Brasil e um defeito em uma barca que faz a travessia Rio-Niterói deixaram milhares de passageiros a pé, ontem à noite, no Centro do Rio. Na Central, a interrupção na circulação dos trens por uma hora e meia levou a um tumulto nas plataformas e no saguão da estação. A Polícia Militar foi acionada e usou gás de pimenta para conter a confusão. Na estação das barcas da Praça Quinze, uma embarcação quebrada causou atraso de 20 minutos e filas imensas. Atraso na estação das barcas chega a 20 minutos A confusão na Central foi causada por uma pane no pantógrafo, equipamento que alimenta de energia o trem. O defeito causou o desligamento geral da rede que alimenta a SuperVia. Segundo passageiros, a demora da SuperVia a decidir se devolveria as passagens em dinheiro ou em tíquete para uma nova viagem causou um tumulto, que teve de ser contido pela PM. A circulação dos trens, de forma precária, só foi retomada por volta das 20h30m. Marta Aguiar Cardoso, de 38 anos, que mora em Queimados, chegou à Central pouco antes da pane nos trens: - Peguei apenas parte do dinheiro da passagem de volta, porque paguei com RioCard - disse ela. Os amigos Hélio de Souza Nunes, de 31 anos, e Alessandra Alves Oliveira da Silva, de 23, chegaram à Central às 18h30m. Alessandra ia para a faculdade e Hélio, para casa, em Comendador Soares. - Não fomos orientados em nada. Perdi minha faculdade e ainda vou ter de gastar dinheiro com ônibus - reclamou Alessandra. Segundo a Barcas S/A, a embarcação que faria a linha Rio-Niterói às 18h20m apresentou um problema mecânico e, com isto, houve um atraso de pelo menos 20 minutos. O defeito na barca obrigou a que cerca de 1.300 passageiros aguardassem a chegada do próximo catamarã social, por volta das 18h40m.
O Globo

Reservas, só daqui a três meses
Gabrielli diz ser preciso perfurar mais poços para concluir avaliação
Mônica Tavares e Ramona Ordoñez
BRASÍLIA, RIO e CANCÚN (México). O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella, afirmaram ontem, em eventos distintos, que a avaliação das reservas da área Carioca, na Bacia de Santos, pode demorar três meses. - Não podemos confirmar essa estimativa (os 33 bilhões de barris citados pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, na véspera). Estamos em estágio muito inicial. Em geral, diria que leva de um a dois meses para terminar a perfuração e que logo teremos tempo para a análise, o que significa que dentro de três meses teremos informações para saber o que está acontecendo realmente - disse Gabrielli, que participou ontem do Fórum Econômico Mundial em Cancún. O executivo acrescentou que a Petrobras está fazendo perfurações a três mil metros de profundidade no campo e que fará mais perfurações, que alcançarão sete mil metros. Estrella, que participou, ao lado de Lima, de uma audiência sobre royalties na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, evitou polemizar com Lima. Quanto ao prazo de avaliação, afirmou: - É difícil dizer. Em três meses talvez a gente possa ter as primeiras condições concretas de começar a pensar em estimativa - disse Estrella. - Estamos no processo de avaliação da descoberta e estamos nos preparando para testar o poço. Somente após o teste e a interpretação das curvas de produção, e vai demorar um pouco, somente após esse período de avaliação é que nós podemos iniciar, pensar nas estimativas dos volumes que estão lá (na área Carioca) relacionados. Geólogo: empresa já tem projeção de reserva antes de furar poço As petrolíferas só têm condições de saber o volume exato de reservas de um campo após a perfuração de, no mínimo, dois a três poços. No entanto, as empresas fazem projeções de reservas prováveis de óleo e gás antes de perfurar o primeiro poço. O geólogo Giuseppe Bacoccoli, professor da Coppe/UFRJ, disse que, para se perfurar um poço, os técnicos rodam programas nos computadores com os dados sísmicos e geológicos, para se fazer uma previsão de reservas que vão determinar onde será realizada a perfuração. Os dados, porém, são sigilosos, e as empresas só divulgam oficialmente os dados quando têm maior certeza sobre as projeções. - Até para se furar o primeiro poço é preciso ter uma avaliação do potencial, porque os custos são muito elevados- explicou Bacoccoli. Bacoccoli lembrou que os técnicos da ANP são capazes de fazer essas projeções, pois a agência faz tais projeções para fixar valores mínimos nos leilão de oferta de áreas. Uma fonte do setor disse que o vazamento de informações sobre os trabalhos em Carioca pode ter partido de pessoas de dentro de uma das três empresas do consórcio. Essa fonte lembrou ainda que, nos últimos anos, muito executivos da área de Exploração e Produção da Petrobras foram para a iniciativa privada, e podem ter ainda acesso a informações privilegiadas da estatal. O diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, disse que a empresa está reavaliando os investimentos no Equador. A companhia, que investiria US$500 milhões entre 2008 e 2012, analisa a rentabilidade de seus novos projetos, como o desenvolvimento de um novo campo, depois de o governo equatoriano ter aumentado os royalties sobre a produção de 50% para 99%. A Petrobras estuda a compra de mais uma refinaria, agora em Aruba, da americana Valero, com cem mil barris de capacidade diária de processamento. (Com agências internacionais e Bloomberg News)
O Globo

Putin amplia poder ao aceitar chefia de partido
Em fim de mandato, presidente russo é escolhido por unanimidade líder do Rússia Unida e se prepara para ser premier
Vivian Oswald
MOSCOU. A três semanas de entregar a Presidência da Rússia ao sucessor, Vladimir Putin mostrou que deixa o cargo, não o poder. Mais fortalecido do que nunca, foi aprovado por unanimidade ontem como presidente do partido mais importante do país, o Rússia Unida, e confirmou ter aceito o convite do presidente eleito Dmitri Medvedev para ser premier. O anúncio foi feito ao fim do IX Congresso do partido. Seu nome deve ser confirmado pela Duma (Câmara baixa do Parlamento) no dia 8, um dia após a posse do novo presidente. Já o cargo de líder máximo do Rússia Unida, concebido especialmente para Putin, tem validade de quatro anos. - Aceito o convite. Estou pronto para receber a responsabilidade e chefiar o partido - disse, aplaudido de pé. Futuro de partidos menores ainda é incerto A notícia era dada como certa por especialistas. No entanto, ainda há dúvidas sobre o que representa de fato a manobra. - Putin pode querer fortalecer o partido e torná-lo o agrupamento político dominante na cena russa. Mas pode ter feito isso apenas para se proteger. A Constituição permite ao presidente solicitar, sem qualquer explicação, a demissão do premier. Isso não vai acontecer porque eles são amigos. Mas a chefia do partido é uma garantia a mais - disse o diretor do Centro Carnegie de Moscou, Nikolai Petrov. Há quem diga que pode ser o início de uma nova configuração do sistema político partidário russo, que deve ganhar mais estabilidade. Mas ainda não se sabe, por exemplo, sobre o futuro dos outros partidos, que não tiveram espaço para competir nas últimas eleições. De qualquer forma, o novo formato do Rússia Unida - criado com ajuda do Kremlin em 2001 - confirma que o próximo governo terá o premier mais forte da Rússia. Putin, que tem 86,5% da aprovação dos russos, terá sua autoridade reforçada pela chefia do partido, que detém mais de dois terços do Parlamento. Esta será a segunda vez que Putin terá a função de premier. A primeira foi no governo de Bóris Yelstin.