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Folha de São Paulo

Jobim e Chávez fazem acordo sobre o conselho de defesa
Ministro diz que organismo não terá perfil operacional, como propunha o venezuelano
FABIANO MAISONNAVE
Após se reunir ontem com o presidente Hugo Chávez para discutir a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou um acordo para que o novo organismo não tenha um perfil operacional, como vinha propondo o líder venezuelano.Há um acordo com o presidente Chávez quanto à questão de que não seja operacional", disse Jobim na saída do encontro, no Palácio Miraflores. "Há, isso sim, a possibilidade de integração quanto a questões de treinamento e um conceito integral de defesa. Isso distancia muitíssimo da linguagem das velhas alianças clássicas, como a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]."Em tom otimista, Jobim prevê que o conselho seja aprovado durante a próxima cúpula regional -marcada para o mês que vem- e entre em operação até o final do ano. Até lá, ele pretende visitar quase todos os países da América do Sul -na semana que vem, viajará ao Suriname e à Guiana.O desenho brasileiro do conselho contradiz a proposta chavista. Batizada de Otas (Organização do Tratado do Atlântico Sul) e lançada em 1999, envolve a criação de uma aliança militar "antiimperialista"."Se existe uma Otan, por que não pode existir uma Otas, uma Organização do Tratado do Atlântico Sul?", disse Chávez anteontem, durante discurso em Caracas, ao mencionar a chegada de Jobim ao país. Ele não se pronunciou ontem."Questão de linguagem"Em janeiro, durante o programa "Alô, Presidente", Chávez disse que a aliança deveria ser contra os EUA. "Deveríamos trabalhar (...) para formar uma estratégia de defesa conjunta e articular nossas Forças Armadas, aéreas, o Exército, a Marinha, a Guarda Nacional, as forças de cooperação, os corpos de inteligência, porque o inimigo é o mesmo: o império dos Estados Unidos."Por outro lado, Jobim, em entrevista ao jornal "Valor" divulgada ontem, rejeitou o termo "Otan do Sul" e disse que o conselho terá como funções a elaboração de políticas de defesa e a participação em operações de paz da ONU. Questionado sobre as divergências com Chávez, Jobim afirmou ontem que "é uma questão meramente de linguagem".
Jornal de Brasília

DO ALTO DA TORRE
Rigor no armamento
Relator da MP que disciplina o uso de armas de fogo no país, o deputado federal Tadeu Filippelli apresenta hoje sua proposta aos líderes de oposição na Câmara Federal. Na semana passada, o peemedebista se reuniu com a base aliada para discutir o projeto de conversão. Em linhas gerais, seu relatório se baseia em três pontos: a não ampliação do uso das armas, seja a novas categorias profissionais, seja em horários fora do expediente; o reaproveitamento, pelas Forças Armadas, das armas apreendidas, em bom estado de conservação e dentro dos padrões; e a reabertura de prazo para registro das armas em circulação, sem taxas e com anistia para quem ainda não se registrou. "Ainda haverá muita discussão, mas acredito que, ao menos filosoficamente, meu projeto será aceito", afirmou.
Jornal do Brasil

Chuvas e ventania castigam três regiões
Nordeste tem 299 cidades em estado de emergência
Não é só mais o Nordeste que está em alerta com as chuvas que assolam o país. Sul e Sudeste também foram castigados pelos temporais nos últimos dias. Chuvas de granizo atingiram o Rio Grande do Sul em 14 municípios, com um total de 160 mil pessoas.A chuva danificou 10 mil residências e deixou 160 pessoas desabrigadas. A Defesa Civil do Estado começou a cobrir com lonas as residências atingidas e está providenciando telhas para o conserto dos telhados. O governo do Estado encaminhou cerca de 200 colchões para os desabrigados e criou uma força-tarefa para atender às populações atingidas.Além do granizo, Porto Alegre viu suas ruas alagadas pelas fortes pancadas de chuva, sepultando a seca que assolava o sul do país. Em Santa Catarina vendavais de até 170 km por hora deixaram granjas de suínos em péssima situação.Em Lauro Müller, todas as propriedade foram afetadas. Uma das quatro casas criadoras de suínos, do suinocultor Luiz Mazon, foi arrasada pelo vento, obrigando Mazon a transferir de maneira emergencial 130 de 800 porcos, deixando os demais nos criadouros vizinhos.Nordeste em criseEnquanto o Sul do país se desespera, a situação no Nordeste se torna ainda mais caótica. São 540.790 pessoas afetadas no total, 46.585 das quais estão desalojadas e 71.373 desabrigadas. São 299 municípios afetados em seis Estados: Ceará (33), Maranhão (40), Paraíba (101), Pernambuco (42), Piauí (35) e Rio Grande do Norte (48).Os Estados nordestinos receberam 828 toneladas de alimentos, além de 20 kits de medicamentos. Cada kit é suficiente para atender a 500 pessoas. O governo federal também está comprando colchões, lençóis, mosquiteiros, filtros e materiais de limpeza para serem fornecidos aos desabrigados e desalojados.Na Paraíba, quase metade dos 223 municípios do Estado estão em estado de emergência por causa da chuva. Os prejuízos com as enchentes nesses 101 municípios contabilizam mais de R$ 60 milhões. São 17 mil desabrigados que devem receber cerca de 115 toneladas de alimentos.Seis pistas foram fechadas e 10 pontes já desabaram. Uma ponte teve que ser interditada por causa de problemas na estrutura. Pelo menos 26 mortes por afogamento e o rompimento de 259 barragens também entram para a contabilidade das tragédias ocasionadas pela chuva no Estado.Em São Paulo o problema é menor, mas mesmo assim preocupante. Cinco alagamentos deixaram o trânsito da capital ainda mais congestionado. Havia 162 km de trânsito lento na cidade, o que equivale a 19,4% das vias monitoradas. O número supera em mais de três pontos percentuais a média que é de 16,3%
Jornal do Brasil

A viagem sem fim do Titanic
"Titanic, cidade flutuante que se submerge. O perigo estava sob o mistério negro da névoa: o iceberg. Netuno, tomado de fero ciúme, abalroa um colosso contra outro colosso" (Jornal do Brasil).
Na madrugada fria de uma segunda-feira, o Titanic, maior e mais luxuoso transatlântico até então construído, naufragou nas águas geladas do Atlântico Norte, na sua viagem inaugural, iniciada cinco dias antes, quando partira do porto inglês de Southampton. O drama dos 2.208 passageiros começou instantes antes da meia-noite, quando o navio colidiu com um gigantesco iceberg. Depois de receber o pedido de socorro expedido pelo imponente Titanic, o navio Carpanthia, único a chegar a tempo de prestar socorro às vítimas, resgatou pouco mais de 700 pessoas. Os demais passageiros e tripulantes, ou morreram durante a tentativa de abandonar o navio ou foram sugados juntamente com o mesmo, engolido pelo mar, depois de formar um ângulo de 90 graus com a superfície da água e partir-se ao meio.Peritos em acidentes marítimos apontaram falha humana e responsabilizaram o capitão Smith pelo desastre. Ambicionando encurtar o trajeto e quebrar o recorde de tempo da travessia do Atlântico Norte, o comandante fez o barco navegar em velocidade acima da recomendada numa região repleta de icebergs. A chegada do navio a Nova York estava prevista para o dia seguinte ao da catástrofe. A tragédia ocupou as páginas dos jornais de todo o mundo. Circularam as mais fantasiosas versões dos acontecimentos, uma vez que a apuração dos fatos ficou restrita aos relatos dos sobreviventes. Só a partir dos anos 80, após uma primeira equipe mergulhar até os destroços do Titanic, foi possível apurar detalhes técnicos do naufrágio.As lições da sinistra experiência Durante a lenta agonia, o desespero dos passageiros foi agravado ao se constatar que o mais ousado projeto da engenharia naval da época menosprezara as questões de segurança: não havia equipamentos salva-vidas nem botes suficientes para todos a bordo.A partir desta tragédia, e para evitar a retração na indústria do transporte marítimo, as normas de segurança foram reforçadas com a obrigatoriedade de os navios manterem os sistemas de comunicação em funcionamento contínuo, além de comportarem equipamentos de resgate suficientes para todos os passageiros e tripulantes.
Jornal do Brasil

Opinião
Geopolítica do urânio
Sergio Ferolla - brigadeiro, membro da Academia Nacional de Engenharia Paulo Metri - conselheiro do Clube de Engenharia
As fontes geradoras de energia elétrica mais representativas são o carvão mineral, o gás natural, a energia hidráulica, a nuclear e os derivados de petróleo. Com o barril de petróleo a mais de US$ 100, implicando em maiores preços para os derivados e o gás natural, somado ao fato da ameaça do efeito estufa em decorrência da queima de combustíveis fósseis, tais fontes não podem participar, substancialmente, da necessária expansão da oferta de energia elétrica.Considerando-se, também, que alguns aproveitamentos hidráulicos causam fortes impactos ambientais, que restringem essa opção, e novas fontes alternativas ainda não foram suficientemente desenvolvidas, fornecendo eletricidade a preço elevado, a demanda mundial futura encontra na energia nuclear uma opção limpa e competitiva para sua satisfação. Isso acarreta a retomada da construção de usinas nos programas nucleares de todo o mundo e, em decorrência, um crescimento considerável do consumo de urânio, em futuro próximo, com o conseqüente aumento da sua cotação no mercado, que na atualidade já é bastante convidativa para investimentos no setor.O Brasil, com somente 30% do seu território pesquisado, através da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), possui 309 mil toneladas de urânio, a sexta reserva mundial. O país domina a tecnologia do enriquecimento, em escala industrial, que agrega enorme valor ao produto e, também, através da INB, fabrica os elementos combustíveis, produto final com maior valor agregado. Tal capacitação tecnológica e industrial, no estratégico setor nuclear, precisa ser levada em consideração pelo Executivo e pelo Congresso, nesse momento em que mineradoras, inclusive estrangeiras, demonstram a intenção de produzir urânio para exportá-lo como simples minério, em detrimento dos interesses do país e de toda a sociedade.Espera-se das autoridades uma postura de estadistas, impedindo o lucro fácil e malévolo de tais mineradoras e o abastecimento de unidades de enriquecimento no exterior, para manter programas nucleares de países que não têm urânio, como França, Inglaterra, Japão, Alemanha, China e Índia. O lobby em ação é poderoso, já tendo sido apresentada, em 2007, uma proposta de emenda à Constituição, pois, para poderem atuar nesse setor é necessário que o monopólio estatal do urânio seja extinto.O quadro descrito, que associa crescente demanda de eletricidade a um cenário de deterioração do meio ambiente e forte disputa econômica entre nações, desencadeará, como vem ocorrendo com o petróleo, uma geopolítica do urânio, com acordos entre países, para os compradores terem garantia de suprimento e os fornecedores, vantagens asseguradas. Assim, impõe-se preservar nossas reservas de urânio como monopólio "inflexível" do Estado, bem como expandir as conquistas da engenharia nacional no domínio do combustível nuclear nas empresas e laboratórios, detentores de tão valioso conhecimento.
Jornal do Brasil

Discussão de lei atrasa produção no pré-sal
O Brasil dispõe hoje de condições tecnológicas para chegar, em 2012 – e não em 2015 como prevê a Petrobras – a uma produção inicial de 500 mil barris/dia no megacampo de Tupi, localizado abaixo da camada de sal da Bacia de Santos. A viabilidade econômica do projeto estaria garantida mesmo que, hipoteticamente, o preço do barril de petróleo caísse abruptamente do atual patamar de US$ 100 para US$ 35. A avaliação, de um experiente executivo do setor, leva em consideração, no entanto, a manutenção da lei 9.478/97 (lei do Petróleo) sem alterações. Do contrário, adverte, as discussões poderiam levar até 10 anos para serem concluídas, uma vez que envolveriam o Congresso.Projeto-pilotoA antecipação da produção só do campo de Tupi, de acordo com o executivo, pode ocorrer sem mudanças no cronograma de implantação do projeto-piloto do pré-sal, previsto para 2010. Embora a Petrobras projete atingir 500 mil barris de produção nessa área apenas em 2015, o executivo afirma que a tecnologia hoje disponível permitiria antecipá-la em três anos.Com relação às mudanças no marco regulatório, esse mesmo executivo defende apenas pequenos ajustes nas regras de remuneração das participações governamentais, as contribuições que incidem sobre a produção dos campos do país. Só assim, justifica, seria possível tornar mais ágil o início da produção das áreas do pré-sal – aí incluído o novo reservatório batizado de Carioca.Por depender de decreto ministerial, e não de mudanças na lei, tais ajustes não só evitariam uma paralisia dos investimentos no setor, como também afastariam o que o embaixador Sebastião do Rego Barros, ex-diretor geral da ANP, classifica de pressões para favorecer a Petrobras em detrimento das operadoras privadas. Embora tenha evitado usar o termo reestatização, Barros identifica no próprio governo quem prefira preservar o pré-sal intacto, em lugar de colocá-lo em produção.Assim como Lima, especialistas do setor, como o consultor da Gás Energy Marco Tavares, cobraram pressa no início da produção do pré-sal. Na avaliação de executivos, não só o início da produção, mas também as futuras licitações de áreas da ANP podem ser comprometidas pelas mudanças em discussão sobre uma nova taxação para a área do pré-sal. Enquanto o Congresso não definir tais mudanças, alerta, as áreas mais nobres não poderiam ser incluídas nas licitações da ANP.Único representante do governo presente ao mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, defendeu maior cautela nas discussões sobre a mudança no marco regulatório do setor. Embora tenha evitado se posicionar quanto às mudanças, atualmente em discussão – com ANP, Ministério de Minas e Energia e empresas do setor –, Tolmasquim justificou a cautela por receio de que qualquer decisão possa provocar arrependimento posteriormente.– É melhor tratar essa questão com responsabilidade do que se arrepender depois – advertiu o presidente da EPE, ao defender a retirada dos blocos do pré-sal já incluídos na 8ª Rodada da ANP até que se defina que mudanças vão ocorrer no marco regulatório do setor. – Se for possível legalmente (retirar os blocos do pré-sal), seria melhor. (R.R.M.)
Jornal do Brasil

Volta tensão por presença das Farc
Ministro da Defesa do Equador rebate acusação colombiana e diz que jamais foi permissivo
A acusação feita pela Colômbia de que o presidente do Equador, Rafael Correa, havia impedido seus militares de combaterem a guerrilha das Farc em território equatoriano intensifica ainda mais o conflito entre os dois países. Quito e Bogotá romperam a relação diplomática desde 1º de março, quando uma ofensiva de Bogotá contra as Farc, em território equatoriano, deixou 25 mortos, entre eles, o número 2 da guerrilha, o porta-voz Raúl Reyes.O ministro da Defesa do Equador, Javier Ponce, negou a acusação feita pelo comunicado emitido no domingo pela secretaria de Informação e Imprensa da Presidência colombiana. O texto afirma que o governo "soube que as Forças Armadas do Equador foram desautorizadas, pelo presidente Rafael Correa, quando planejavam operações contra as Farc".– O verbo 'soube' significa saber, e se soube, nós gostaríamos de saber como soube, o que soube e de onde tirou essa versão – disse Ponce. – Mas acontece que a resposta do governo de Uribe é que "a simples presença de Raúl Reyes no Equador já demonstra a relação do governo equatoriano com a guerrilha".o titular da pasta da Defesa equatoriana enfatizou que existe "uma grande diferença entre saber e supor", ao advertir que não há provas claras da presença permanente de Reyes no Equador. Ponce afirmou, ainda, que nas últimas semanas os militares equatorianos destruíram mais de 40 acampamentos das Farc em território nacional. Para o ministro, "o que se demonstrou e continua se demonstrando é que aquela informação é uma falácia, e que a resposta dada pelo governo colombiano ao ultimato equatoriano não é satisfatória".
O Estado de São Paulo

Conselho de Defesa pode surgir este ano, diz Jobim
O planejado Conselho Sul-Americano de Defesa poderá ser instalado no final deste ano, afirmou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, após reunião em Caracas com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. "Não será uma aliança militar clássica, não há nenhuma pretensão operacional", ressaltou Jobim, segundo a Reuters.
O Estado de São Paulo

Quito exige que Bogotá revele seus informantes
Equador quer nomes dos funcionários equatorianos que colaboraram na ação militar que matou Raúl Reyes
O governo do Equador exigiu ontem que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, revele quais foram os funcionários equatorianos que colaboraram na ação militar que resultou na morte do "número 2" da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, em 1º de março. "Uribe tem a obrigação política e ética de informar ao governo equatoriano quais foram os grupos de inteligência e oficiais que participaram da ação sem a autorização do Equador", disse o vice-ministro da Defesa Miguel Carvajal.O vice-ministro afirmou que logo após a incursão militar colombiana no acampamento das Farc em solo equatoriano, Uribe disse que a ação foi coordenada "com equipes de inteligência e membros da Força Pública" do Equador. Carvajal disse que Bogotá tem de "divulgar a quem pagou a recompensa pela suposta informação que conduziu ao ataque". No dia 5, Uribe anunciou o pagamento de um prêmio de US$ 2,6 milhões pela informação relacionada com a ação que, além de Reyes, deixou outros 24 mortos.O pedido de Quito intensificou a troca de farpas entre os dois governos, depois que Bogotá afirmou que o presidente equatoriano, Rafael Correa, instruiu seus militares a não combater as Farc no país.No domingo, um comunicado da presidência colombiana afirmou que o líder equatoriano "desautorizou" no passado operações militares de soldados de seu país contra os guerrilheiros das Farc.Poucas horas depois, o ministro da Defesa equatoriano, Javier Ponce, exigiu que o governo colombiano apresentasse em 48 horas provas da acusação. "Se a Colômbia soube que Correa pediu às Forças Armadas para não atacarem as Farc, tem de dizer como soube e o que soube", afirmou Ponce. A resposta de Bogotá foi quase imediata: "A grande prova foi a presença notória de Raúl Reyes no Equador atentando desde lá contra o povo colombiano." Ontem, Quito anunciou que vai apresentar uma "queixa formal" perante a Organização dos Estados Americanos (OEA) por considerar "insuficiente" a resposta colombiana.COMPRA DE ARMASA Colômbia anunciou ontem que a partir de maio receberá 25 helicópteros, 8 aviões, 187 caminhões blindados e 13 mil armas. O material faz parte de uma compra feita no ano passado para reforçar a luta interna contra os grupos armados que atuam no país. "Entre maio e novembro chegarão ao país tanto as aeronaves como as demais compras", disse o vice-ministro da Defesa Juan Carlos Pinzón. Bogotá investiu US$ 2,8 bilhões na compra dos equipamentos. Do material que chegará, o único adquirido antes de 2007 são os aviões Super Tucano, do Brasil, dos quais a Colômbia comprou 25, mas 8 ainda não foram entregues.
O Globo

CAPA
GRÁVIDA NO COMANDO DA TROPA
Primeira mulher a ocupar o Ministério da Defesa da Espanha, a catalã Carme Chacón, de 37 anos e grávida de sete meses, passa a tropa em revista após tomar posse no cargo em Madri.
O Globo

Espanha: grávida comanda militares
Novo Gabinete assume com 9 mulheres e catalã na chefia das Forças Armadas
MADRI. Os novos ministros do segundo mandato do presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, tomaram posse ontem, num dia em que, apesar da crise econômica no país, a cerimônia mais aguardada era a da titular da Defesa. Não devido a qualquer problema entre o governo socialista e as Forças Armadas, mas porque, pela primeira vez, uma mulher, a catalã Carme Chacón, de 37 anos, passou em revista os militares como ministra da pasta. E uma mulher grávida de sete meses. A cerimônia de passagem de posto do ex-ministro da Defesa, José Antonio Alonso, para Carme Chacón mobilizou a atenção do país, e foi acompanhada por quase todos os demais ministros - inclusive todos os principais. - O fato de uma mulher dirigir a Defesa é uma mostra da integração do Exército com a sociedade - disse Chacón, durante a cerimônia. Zapatero mantém núcleo duro do primeiro mandato Em seu discurso, ela afirmou que entre suas prioridades está, além da modernização das Forças Armadas e a criação de uma nova lei que melhore a carreira militar, o aumento da presença de mulheres entre os militares. Depois ocorreu o momento mais esperado por todos. Ela passou em revista as tropas, com passos rápidos e rosto sério. Então, tornou-se a primeira mulher na História da Espanha republicana a ordenar ao comandante militar: - Capitão, mande que façam sentido! - disse ela, para em seguida pedir que todos repetissem com ela. - Viva a Espanha! Viva o rei! Carme Chacón foi uma das nove mulheres a assumir cargos no Gabinete espanhol ontem, ao lado de oito homens - uma divisão meio a meio, se for incluído o próprio Zapatero. Sobre uma cópia da Constituição espanhola, os ministros prometeram defender as leis do país e ser leais ao rei, que assistiu à cerimônia. Zapatero manteve o núcleo duro de seu primeiro mandato: a primeira vice-presidente, María Fernández de la Vega; o segundo vice e ministro da Economia, Pedro Solbes; o chanceler Miguel Angel Moratinos; e o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba. Zapatero criou dois novos Ministérios: o da Ciência e Inovação e o da Igualdade. Na liderança deste último, a mais jovem pessoa a comandar uma pasta: outra mulher, Bibiana Aido.
O Globo

STF vai discutir se Raposa fere a soberania
Alan Gripp e Evandro Éboli
BRASÍLIA. O próximo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, indicou ontem que defenderá a revisão do processo de demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Mendes propôs a discussão de uma solução alternativa, que substitua a faixa contínua de 1,7 milhão de hectares, que tornaria intocáveis quase 50% do território do estado, por um modelo de ilhas de preservação. A Raposa Serra do Sol foi criada por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005. Ao julgarem uma ação movida pelo governo de Roraima, os ministros do STF decidem também sobre o tamanho e o formato da reserva. Estão em jogo a segurança das fronteiras do estado com Guiana e Venezuela e, principalmente, o iminente confronto entre a Polícia Federal e os arrozeiros e moradores que resistem à desocupação. - Fiz uma ponderação de que se deve discutir o modelo em ilhas de preservação. O modelo (defendido pelo governo) é muito conflitivo. Precisamos discutir opções minimamente viáveis. O que não pode é você criar um estado e depois criar uma reserva que tenha 50%, 60% do seu tamanho. Esse processo será um aprendizado para o país - disse Mendes. Pelo STF já tramitaram 33 ações sobre a reserva, sendo que três tratam atualmente do decreto presidencial. Na mais recente, semana passada, o governo de Roraima conseguiu liminar impedindo a Polícia Federal de deflagrar a operação de desocupação. O conflito era dado como inevitável, com os ocupantes da reserva se armando com bombas e táticas de guerrilha. O mérito da ação deve ser julgado em dois meses. - É importante que se tome uma decisão breve. Desde que estou aqui (no Supremo), nunca vi uma coisa tão grave - disse o ministro Eros Grau, dando a temperatura da discussão. O ministro Celso de Mello se disse preocupado com a soberania nacional. Segundo ele, a reserva, no modelo proposto pelo decreto, pode tornar inviável o controle das fronteiras: - Parece-me quase certo que isso (a demarcação da reserva) significaria a falta de uma base física para que o estado de Roraima exerça sua autonomia. Lula cria grupo de trabalho para reabrir a discussão A questão preocupa o presidente Lula, que criou ontem um grupo de trabalho com os ministros Tarso Genro (Justiça), Nelson Jobim (Defesa), e José Antônio Toffoli (AGU), além de representante da Funai, para fazer uma avaliação técnica, jurídica e política do conflito na Raposa Serra do Sol. Esse grupo reabre a discussão sobre a reserva depois de a área já ter sido homologada pelo presidente. O governo não admite que a comissão poderá levar Lula a rever a demarcação. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a decisão do STF, seja qual for, será respeitada, mas afirmou que o Judiciário é co-responsável pela situação: - Todas as decisões serão compartilhadas com o Poder Judiciário, que é co-responsável. O ministro defendeu a demarcação em área contínua e afirmou que os agentes da PF e os homens da Força Nacional de Segurança continuarão em Roraima até a decisão final do STF. Classificou como terroristas os atos praticados por um grupo contrário à homologação de Raposa. Semana passada, eles tentaram explodir um carro de dinamite em frente ao prédio da PF em Pacaraima (RR) e destruíram pontes de acesso à Vila Surumu, no interior da reserva. COLABOROU Luiza Damé
O Globo

CATAMARÃ AVARIADO
Um dos catamarãs sociais que opera na linha Rio-Niterói apresentou problema mecânico durante o embarque, ontem, às 18h50m. Os usuários foram encaminhados para outra embarcação, que seguiu viagem às 19h15m. Passageiros, no entanto, reclamaram de tumulto. A concessionária Barcas S/A disse que foi detectada a avaria no motor da embarcação, provocada por lixo flutuante.
O Globo

Jobim: conselho de defesa pode ser criado este ano
Ministro afirma que diferenças com Chávez são de linguagem
CARACAS. A formação de um Conselho de Defesa da América do Sul pode se tornar realidade antes do fim do ano, afirmou ontem o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, após se reunir no Palácio de Miraflores, em Caracas, com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Jobim informou que, quatro meses após a reunião da União Sul-Americana em maio, haverá um encontro que dará forma geral ao conselho. Mas ressaltou que a proposta brasileira não tem a pretensão de se converter numa organização militar operacional semelhante à Otan. As diferenças entre Brasil e Venezuela "são meramente de linguagem", afirmou o ministro: - Há um acordo com o presidente Chávez quanto à questão de não ser algo operacional. Não é uma formação militar clássica. Há, sim, a possibilidade de integração em treinamento e à posição de um conceito integral de defesa - disse Jobim. - Creio que o conselho poderá se instalar antes do final do ano. O governo venezuelano não comentou o assunto, mas na véspera Chávez havia dito que "se existe a Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, por que não a Otas, Organização do Tratado do Atlântico Sul?" A proposta de um conselho de defesa surgiu durante a tensão gerada pela incursão militar colombiana em território equatoriano. Jobim explicou que os Estados Unidos não deverão fazer parte do conselho por não pertencerem à América do Sul. - Não temos que pedir licença aos EUA para isso - disse o ministro.
O Globo

CLIMA
Rio terá encontro sobre ciclones do Atlântico Sul
Maio será um mês de raios e tempestades no Rio. Pelo menos, de grandes tempestades virtuais. De 19 a 21 de maio, o Rio sediará o primeiro Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul. A idéia é reunir especialistas em meteorologia, climatologia, oceanografia, entre outras áreas, para discutir métodos computacionais de previsão de supertempestades. Hoje, os sistemas usados para previsão no Brasil funcionam bem no dia-a-dia, mas não estão preparados para prever fenômenos realmente extraordinários, como o furacão Catarina, que atingiu o Sul do país, em março de 2004. O coordenador do evento, Isimar de Azevedo Santos, da UFRJ, explica que os cientistas querem aperfeiçoar os métodos existentes, com o apoio da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Num cenário de aquecimento global, tempestades extremas, como os ciclones, tendem a se tornar cada vez mais comuns. O encontro também analisará medidas para reduzir danos e alertar a população.