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Correio Braziliense

ARAPONGAS
Abin investe mais em inteligência
Agência terá dois novos departamentos — um de ações contra-terrorismo — e a Corregedoria-Geral
Edson Luiz
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) começou a ser reestruturada, ganhando novas divisões e centralizando algumas ações. Entre as mudanças está a criação dos departamentos de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência e o de Contra-Terrorismo, além da Corregedoria-Geral, até então inexistente. Ontem, foram nomeados os titulares dos novos cargos, basicamente ocupados por funcionários de carreira da Abin. Com isso, depois de oito meses, a agência começou a ganhar o perfil do delegado Paulo Lacerda, que deixou a Polícia Federal para assumir a direção da instituição, em setembro do ano passado. A partir de agora, a Agência Brasileira de Inteligência terá sua estrutura dividida em duas. Na primeira, estão os órgãos que darão assistência direta ao diretor-geral. A segunda — os chamados órgãos singulares — concentra os departamentos de Inteligência Estratégica, de Contra-Inteligência, Contra-Terrorismo e de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbrain). Segundo a Abin, a reestruturação não ocasionou a criação de novos cargos. Apenas houve remanejamentos de algumas funções já existentes. Todas as operações serão concentradas, a partir de agora, no diretor-geral adjunto de ações de inteligência, José Milton Campana, que é servidor de carreira da Abin e que esteve na área militar. Na PF, Lacerda também centralizou esse tipo de trabalho com seu diretor-executivo, na época Zulmar Pimentel. Para a Corregedoria-Geral, função recém-criada, o diretor da Abin escolheu a delegada Maria do Socorro Tinoco, sua ex-chefe de gabinete na Polícia Federal. Uma das principais metas de Paulo Lacerda é desvincular a Abin da imagem deixada pelo extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), que atuava mais como um serviço político do que estratégico. “É preciso superar os estigmas do SNI”, afirma o diretor da agência, que pretende também reforçar a área dos chamados crimes modernos, onde estão relacionados o terrorismo, o que o levou a criar um departamento exclusivo para coletar informações sobre o tema. Escutas Lacerda pretende convencer o Congresso e alguns setores contrários dentro do governo a aprovar medidas que autorizem a Abin a fazer escutas telefônicas em casos de sabotagem, terrorismo e em áreas estratégicas. Isso seria um dos mecanismos para confrontar o que a área de informações chama de “fanatismo ideológico”, que seriam os grupos terroristas. O diretor da agência afirmou quinta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara, que os grampos seriam feitos com autorização judicial e acompanhamento do Ministério Público Federal. A Abin planeja e executa ações sigilosas para produzir relatórios que são encaminhados ao presidente, além de avaliar as ameaças internas e externas, mas não pode fazer investigações, o que poderá atrapalhar as intenções de Lacerda de a agência obter o direito de fazer escutas telefônicas. A seu favor tem a legislação de vários países e a criação da Corregedoria-Geral, que impediria e puniria os abusos. Contra, tem grande parte dos congressistas e a Polícia Federal, única com poder de investigação e de fazer uso de grampos telefônicos. A área de contra-terrorismo vai trabalhar mais na prevenção de ações e na obtenção de informações para o presidente da República. O sistema de integração de inteligência vai integrar as ações de planejamento e execução do Centro que está sendo montado na Abin, reunindo vários órgãos públicos. Todos trabalharão no mesmo espaço, na coleta de informações, e repassarão aos demais, caso haja interesse de disseminação coletiva.
Correio Braziliense

TERRORISMO GLOBAL
Quantidade de atentados disparou depois do 11/9
Relatório de consultores do governo dos EUA revela que 86% dos ataques registrados desde 1983 ocorreram após a ação da Al-Qaeda
Desde 2001, quando ocorreram os ataques ao World Trade Center, em Nova York, o número de atentados suicidas a bomba disparou em todo o mundo. Nos últimos sete anos, foram registrados 658 casos, sendo 542 no Iraque e no Afeganistão — países ocupados por tropas americanas. O levantamento de consultores do governo dos Estados Unidos, que traz o número de ataques com bomba nos últimos 25 anos, foi divulgado ontem no jornal The Washington Post. De acordo com o relatório, 86% das 1.840 explosões contabilizadas desde 1983 aconteceram a partir do início da chamada guerra contra o terror. Os atentados, em diversos países de todos os continentes, deixaram cerca de 21.350 mortos e 50 mil feridos. Não se sabe, no entanto, quantos militares morreram, ao todo, em ataques suicidas no Iraque e no Afeganistão. Esses dados não foram oficialmente divulgados, segundo o porta-voz das tropas americanas em Bagdá, Brad Leighton, pois “revelariam a eficiência da arma do inimigo”. Mas só nos 10 maiores atentados houve mais de 3.420 mortes entre norte-americanos. O levantamento mostra que integrantes de mais de 50 grupos terroristas em todo o mundo passaram a adaptar a “tecnologia” empregada em carros-bomba para preparar cintos, roupas, brinquedos, bicicletas e até falsas barrigas de gestante explosivas. “Cada vez mais, temos visto a globalização dos atentados a bomba. Eles não estão mais confinados às zonas de conflito, mas ocorrem em toda parte”, explicou ao Post o especialista Mohammed Hafez, autor do livro Homens-Bomba no Iraque, em que os classifica como “mártires sem fronteiras”. Poucos suicidas, no entanto, foram identificados até hoje. “Nós precisamos que o grupo terrorista faça uma reivindicação pública ou libere uma fita do martírio”, afirmou o professor da Georgetown University Bruce Hoffman, que escreveu a obra Inside Terrorism (Por dentro do terrorismo). “Mas se o homem-bomba nunca teve as impressões digitais recolhidas, ele ou ela normalmente ficam anônimos.” De acordo com o jornal americano, a divulgação dos números marca os 25 anos do atentado a bomba contra a embaixada dos Estados Unidos em Beirute, no Líbano, que deixou mais de 60 mortos e 100 feridos. Até hoje, os serviços de inteligência dos EUA não sabem a identidade do homem que invadiu o prédio consular com uma van carregada de explosivos. O ataque destruiu a fachada do edifício de sete andares e matou grande parte da equipe diplomática. Anos depois, o FBI, polícia federal norte-americana, culpou uma célula xiita, embrião do Hezbollah. A Casa Branca acredita que o atentado em Beirute teve apoio do Irã.
Correio Braziliense

VISITA A NOVA YORK
Na ONU, papa faz crítica velada à doutrina Bush
Bento XVI é aclamado na sede das Nações Unidas, onde fez discurso em defesa do multilateralismo e da solução diplomática de conflitos
O papa Bento XVI aproveitou a tribuna da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, para abordar temas de alcance global e dar dois recados sutis ao presidente George W. Bush: conflitos internacionais devem ser tratados preventivamente com diplomacia, não com a guerra; e o multilateralismo deve prevalecer, nas questões de ordem ética, sobre os interesses e posições de qualquer país em particular. O discurso, agendado para saudar o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, incluiu mais um ataque ao relativismo moral, confrontado a valores que a Igreja considera absolutos — como o respeito à vida. No quarto dia de visita aos Estados Unidos, o líder da Igreja católica foi aclamado pelos representantes dos 192 países -membros das Nações Unidas. Ele entrou no salão da Assembléia Geral seguido pelo secretário-geral da organização, o coreano Ban Ki-moon. Os aplausos iniciais se transformaram em uma ovação estrondosa quando a audiência inteira se levantou, à passagem do pontífice. Muitos aproveitaram para fotografar Bento XVI de perto, usando câmeras ou telefones celulares. Igualmente calorosa foi a recepção dada ao pontífice, depois, em um encontro à parte com funcionários da ONU. “Não importa se adoramos a um único Deus, a muitos ou a nenhum, todos nós nas Nações Unidas temos que revigorar a nossa fé diariamente”, saudou Ban Ki-moon na apresentação do visitante. “Precisamos muito dessa preciosa commodity — a fé — e sou profundamente grato a sua santidade por depositar um pouco de sua fé em nós”, completou. Soberania relativa Bento XVI, catedrático de teologia e familiarizado com o debate filosófico, escolheu deliberadamente um tom teórico e generalizante para entrar na polêmica sobre soberania nacional e valores universais. “Todo Estado tem o dever primário de proteger sua população de graves e continuadas violações dos direitos humanos”, disse o papa. Mas, invocando uma deliberação tomada pela própria ONU em 2005, ele lembrou que, se um país falha nessa questão, “a comunidade internacional precisa intervir, com os instrumentos jurídicos previstos na Carta das Nações Unidas e em outros tratados internacionais”. O pontífice sustentou nessa afirmação sua defesa do multilateralismo, que estaria em crise “porque continua subordinado a decisões tomadas por uns poucos, quando os problemas do mundo exigem uma intervenção na forma de ações coletivas”. Embora não tenha mencionado os Estados Unidos, outro aspecto que distingue a política externa do presidente Bush — a “guerra preventiva” ao terrorismo — mereceu críticas. “O que precisamos é prevenir e gerenciar conflitos explorando toda via diplomática possível, encorajando os mais tênues sinais de diálogo.” O dia do papa incluiu também um encontro com representantes de outras confissões cristãs e a visita a uma sinagoga — a terceira de um papa a um templo judaico, pela primeira vez nos Estados Unidos. A agenda de Bento XVI em Nova York prevê ainda uma missa campal no estádio de beisebol dos Giants e uma visita ao Marco Zero, o local onde ficavam as torres do World Trade Center, derrubadas nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Jornal do Brasil

Transtur e Barcas são notificadas pelo Estado
Dois dias depois de ser surpreendido por reclamações de usuários, o secretário de Edtado de Transporte, Julio Lopes, decidiu notificar a Transtur e a Barcas S/A, responsáveis pelo serviço de barcas e aerobarcas entre Rio e Niterói. A decisão foi anunciada ontem, após o secretário constatar, em nova inspeção nos terminais das duas empresas, que continuam a ocorrer os problemas identificados na vistoria de quarta-feira passada. Se a situação persistir, as concessionárias poderão ser multadas e sofrer sanções administrativas.O Procon-RJ também notificou a Barcas S/A por irregularidades, constatadas por fiscais em ação realizada ontem. A empresa tem dez dias para se defender.O secretário de Transportes também se reuniu com o comandante da Capitania dos Portos do Rio, capitão Wilson Pereira de Lima Filho, na manhã de ontem, quando pediu que fosse intensificada a fiscalização nas duas concessionárias. Depois de ouvir o pedido, o oficial apresentou a Julio Lopes uma lista das diversas irregularidades que têm sido constatadas diariamente, e afirmou que tem notificado sistematicamente a concessionária, para que solucione os problemas. Em 2007, a secretaria notificou as concessionárias por irregularidades mais de mil vezes.– Fizemos 1.141 notificações de irregularidades, a maioria referente a atrasos nos horários de partida, instalações inadequadas nas estações, falta de infra-estrutura de atendimento, entre outras. Todas elas foram enviadas à Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transportes Concedidos), mas parece que nenhuma providência foi tomada – disse.
Jornal do Brasil

Lançado satélite de comunicação brasileiro
Um foguete europeu Ariane-5 ECA foi lançado da base espacial de Kuru, na Guiana Francesa, para colocar em orbita satélites do Brasil e do Vietnã. O Star One C2, propriedade da operadora brasileira Star One, é o oitavo satélite que a companhia confia ao consórcio europeu Arianespace para ser colocado em órbita. O Star One C2 proporcionará serviços de telecomunicações, multimídia e internet de banda larga na América do Sul, a partir de uma órbita geoestacionária de 70 graus Oeste durante 15 anos.
O Estado de São Paulo

Retido navio com armas para Mugabe
Embarcação, interceptada na África do Sul, levava 77 toneladas de carga
Reuters e The Guardian
Em meio às tensões entre governo e oposição no Zimbábue, a África do Sul anunciou ontem que um navio chinês com 77 toneladas de armamentos chegou ao porto de Durban, no sudeste do país, com o objetivo de entregar seu carregamento para o presidente zimbabuano, Robert Mugabe.O sindicato dos transportadores da África do Sul recusou-se a levar o carregamento até o país vizinho por suspeitas de que as armas seriam usadas contra a oposição e no fim da tarde de ontem uma ordem judicial emitida pela Suprema Corte de Durban obrigou o navio An Yue-jiang a abandonar a costa sul-africana.No navio havia 3,5 milhões de cartuchos de munição para fuzis AK-47, 1.500 foguetes e 2.500 granadas de morteiro. Segundo a documentação apresentada pelos chineses, o contrato para a entrega dessas armas teria sido assinado por autoridades do Zimbábue três dias após a eleição presidencial do dia 29, cujo resultado oficial ainda não foi divulgado.O partido opositor Movimento pela Mudança Democrática (MMD), do candidato Morgan Tsvangirai, diz ter vencido já no primeiro turno com 50,3% dos votos, mas Mugabe pediu a recontagem dos votos. Ontem, num novo golpe para a oposição do país, a Suprema Corte de Harare rejeitou o seu pedido para impedir a recontagem antes de os resultados serem oficialmente divulgados. À tarde, num discurso para 15 mil pessoas durante as comemorações da independência do país, Mugabe atacou duramente a oposição e Grã-Bretanha. O Zimbábue é uma antiga colônia britânica. Segundo Mugabe, os britânicos teriam “aperfeiçoado suas táticas” para controlar o seu país e estariam “pagando” para parte da população se voltar contra o governo zimbabuano. “Estamos sendo comprados como gado”, disse, exaltado. “Abaixo à Grã-Bretanha. Abaixo os ladrões que querem roubar o nosso país.”O atraso em divulgar os resultados das eleições presidenciais foi criticado por diversos países, entre eles os EUA e a África do Sul. Em seu blog, no site da chancelaria da Grã-Bretanha, o secretário de Relações Exteriores britânico, David Miliband, disse que a comemoração da independência do Zimbábue foi “mais amarga do que doce” e negou que o apoio de seu país à volta da democracia seja uma forma de recolonização. Há quase três décadas no poder, Mugabe, de 84 anos, é acusado de arruinar a economia do Zimbábue, que tem a inflação mais alta do mundo (100.000% ao ano). O desemprego atinge 80% da população.
O Estado de São Paulo

Delegação da AIEA visitará Teerã
Uma delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) chega segunda-feira em Teerã para discutir com autoridades iranianas o programa nuclear do país. Liderada pelo inspetor-chefe, Olli Heinonen, a delegação tentará obter de Teerã respostas sobre as alegações de serviços secretos ocidentais de que o país teve acesso a dados que ensinam a projetar bombas atômicas.
O Globo

A PÉ ATÉ O DF
Na tropa de 230 fuzileiros navais que marcha do Rio a Brasília, apenas uma mulher
Marcelo Alves
RIO - Em comemoração aos bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais e aos 48 anos da fundação de Brasília, um grupo de 230 fuzileiros navais reeditou uma marcha do Rio de Janeiro até a capital . A diferença é que desta vez, há uma mulher. A suboficial Sônia Brilhante, de 44 anos, se impôs o desafio de resistir aos 1.170 quilômetros de caminhada para superar barreiras que até então a impediam de realizar um sonho alimentado em 24 anos de Marinha. Emocionada por chegar ao Distrito Federal depois de muitas dores e dificuldades a cada trecho que nunca era inferior a 50 quilômetros por dia da viagem, Sônia está se sentindo realizada. - Já chorei muito e sei que vou chorar ainda mais - disse ela depois de 20 dos 23 dias previstos para a caminhada. - Sempre quis fazer uma marcha e nunca pude. Primeiro porque eu era da gola (o grupo de marinheiros que embarca em navios, diferentemente dos fuzileiros). Depois eles nunca deixavam, acho que por eu ser mulher e achavam que eu não ia agüentar. Acho que eles podiam ter medo de fragilidade e algumas pessoas ainda pensam que a gente não pode exercer determinadas funções. Mas quando eu fiz aniversário em fevereiro entrei em contato com o almirante Carlos Augusto, que é o meu comandante, e ele batalhou para que eu pudesse participar - completa ela, agradecida pela oportunidade. Superada a desconfiança, Sônia virou o centro das atenções da tropa. Ela lembra, no entanto, que o momento mais difícil foi o início da caminhada. - Na marcha você tem que brigar contra a dor. Até o quinto dia foi muito sofrido. Cheguei a ter atendimento médico por não agüentar de dor nos pés e nos joelhos. Tomei uma medicação e depois fui me acostumando. No dia-a-dia aprendi que temos que proteger os pés. Eu os cobria de esparadrapo, que não lhe impediam de sentir as dores, mas as bolhas diminuíam - conta. Divorciada e com um casal de filhos de 21 e 17 anos, respectivamente, esta cearense de Crato não teve que superar apenas os problemas físicos, mas a saudade dos filhos, que chama de "meus orgulhos". - Nesta reta final você vai sentindo mais a ausência, mas eles estão muito presentes e me acompanhando diariamente postando mensagens no blog criado pelos fuzileiros (www.marcha200anoscfn.blogspot.com). É quando a gente mata a saudade e recebe uma carga de ânimo. Eles são meus maiores incentivadores. Meu maior presente seria que o meu filho, que também é da Marinha, estivesse presente quando chegássemos na Esplanada dos Ministérios na segunda-feira. Infelizmente sei que isso não será possível, mas me conforta ter uma mensagem deles. Admirada por sua coragem, Sônia é um orgulho da tropa e conta com o respeito do capitão-de-mar-e-guerra e comandante da tropa Luiz Corrêa, um dos mais velhos entre os participantes da marcha com 48 anos de idade e 32 de Marinha. - É gratificante para nós saber que temos uma mulher participando da marcha. Sei que se tivessem tido a oportunidade, teríamos mais mulheres, mas ela foi corajosa o suficiente para se candidatar, fez os treinamentos e está capacitada - diz Corrêa que lembrou que Sônia participa de corridas de rua, tendo, assim, grande resistência para fazer longos percursos. - É verdade. Eu participo de meias-maratonas, campeonatos da Marinha. Sou uma atleta e por isso achei que era capaz de participar de uma marcha. Mais de 30 cidades e histórias emocionantesDepois de passar por mais de 30 cidades entre Rio, Minas e Goiás até chegar ao Distrito Federal e contando com um grupo de apoio que ajuda na realização de ações sociais como a pintura de escolas e doações de livros, histórias são o que não falta nesta experiência descrita quase sempre pelos fuzileiros como única. Luiz Corrêa lembra com carinho o apoio da população nos municípios pelos quais passou desde o início da caminhada no dia 29 de março. Ele diz, porém, que o que mais lhe marcou foi ser recebido numa cidade de Minas pela filha de uma senhora que acolheu a marcha original de 1960, que inspirou a nova edição da caminhada. - Quando passamos por Ewbank da Câmara, ela fez uma manifestação de apreço à marcha levando crianças da escola para a rodovia para uma manifestação muito bonita. Naquela posição da marcha, isso deu um estímulo muito grande, pois estávamos em plena subida em Barbacena - recorda Corrêa. Sônia também guarda boas recordações da viagem. A mais marcante aconteceu numa cidade do interior de Minas e a leva às lágrimas ainda hoje, mesmo depois de mais duas semanas de caminhada. - A rua principal desta cidade era paralela à rodovia. Então nós saímos da rota porque foi pedido que passássemos por dentro da cidade. Tinha uma escola onde os alunos ficavam na rua com bandeiras e aplaudindo. A gente já tinha um certo tempo de marcha e a emoção, você lembra do sofrimento, o dia-a-dia, a superação e vê o valor que eles dão para a gente. Essa me marcou muito - lembra ela, emocionada. Um balanço positivo da aventuraLuiz Corrêa conta que resolveu participar da marcha como um desafio pessoal. Ele considera que o resultado foi além da expectativa. - Inicialmente eu queria conhecer meus próprios limites e saber se poderia superá-los. O resultado foi além da expectativa. Só vivendo isso para saber como é que foi a marcha. Com o sonho realizado, Sônia espera que outras mulheres tenham a oportunidade de passar pela experiência pela qual ela passou. - Creio que com a minha abertura talvez agora abra mais brechas e liberem mais. Sei que é complicado, pois cada um tem as suas obrigações nos quartéis, mas é indescritível a emoção que você sente - conclui.
O Globo

EFEMÉRIDE
Reedição de marcha comemora 200 anos do Corpo de Fuzileiros Navais e 48 anos de Brasília
Marcelo Alves
RIO - Entre tantas efemérides que marcam o ano de 2008, o bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais passa quase despercebido. Para comemorar a data a Marinha resolveu reeditar a marcha Rio-Brasília, feita em 1960 quando da fundação da capital federal em Brasília. A expedição conta com 230 militares, fuzileiros navais e marinheiros, entre eles apenas uma mulher, que estão fazendo, a pé, o percurso de 1.170 quilômetros até a Praça dos Três Poderes. Os fuzileiros chegam neste sábado em Brasília e na segunda-feira, aniversário da cidade, estarão na Esplanada dos Ministérios para encerrar a caminhada depois de 23 dias. A marcha repete a Operação Alvorada, que em 27 de março de 1960 levou um contingente de 124 fuzileiros navais até Brasília, numa viagem de 24 dias, para celebrar a inauguração da nova capital federal. Para diminuir em um dia, o tempo de percurso na marcha deste ano, os fuzileiros cumprem uma rotina diária de pelo menos 55 quilômetros de caminhada. Auxiliando os fuzileiros, apenas um grupo de apoio que conta com médicos e fisioterapeutas. Além de comemorar duas datas importantes, o corpo de fuzileiros navais aproveita a passagem por três estados - Rio, Minas Gerais e Goiás - e mais de 30 municípios para praticar uma série de ações sociais como a pintura de escolas e a doação de livros para as crianças. Segundo o capitão-tenente Eduardo Saleh Rabello, contribuir para a melhoria das escolas e da condição de estudo das crianças é um dos pontos fundamentais da marcha. - Muitas escolas que encontramos estavam em situação difícil e a ajuda, pelo que percebemos das diretorias das instituições, veio em momento oportuno - diz. Antes de receber a visita da tropa, as escolas foram selecionadas pelas secretarias de Educação dos municípios. Elas informavam as instituições que mais precisavam de ajuda. Em seguida, a Marinha ia até elas, fazia um levantamento do que seria preciso e quantificava o material que seria gasto antes que a escola recebesse a visita dos fuzileiros para os reparos necessários. Grande parte do material foi patrocinado pela própria Marinha, que contou com a ajuda dos fuzileiros não apenas na mão-de-obra, mas na doação de livros. - Ao saber que haveria doação de livros, os próprios militares foram pegando alguns exemplares em suas casas e levando. Também compramos livros de ensino fundamental para a doação, além de livros institucionais da Marinha. A finalidade foi o ensino - explica.
O Globo

ACIDENTE: Óleo polui Baía
Mancha de óleo se espalha próximo à Marina da Glória. O acidente foi provocado pelo derramamento de 12 litros de óleo de motor de um catamarã particular. O proprietário será notificado e multado pela Capitania dos Portos. Uma equipe da Feema providenciou a sucção do óleo.
O Globo

O 'AEDES' ATACA: Secretaria municipal de Saúde manterá unidades de pronto-atendimento funcionando no feriadão
Técnicos da prefeitura temem superlotação dos postos de saúde e confusão de sintomas com efeitos colaterais
Célia Costa e Simone Miranda
A epidemia de dengue levou o governo municipal do Rio a solicitar ao Ministério da Saúde o adiamento, na cidade, da campanha de vacinação de idosos contra a gripe. Na última quinta-feira, a proposta foi apresentada ao Conselho Nacional de secretarias municipais de Saúde e, ontem, foi aprovada pelos conselhos municipal e distrital de Saúde. Os representantes temem que os postos, sobrecarregados pelas vítimas do Aedes aegypti, não dêem conta, de forma adequada, da imunização das pessoas com mais de 60 anos. A Secretaria municipal de Saúde aguarda, agora, a resposta do governo federal. Em todo o país, a campanha será realizada de 26 de abril a 9 de maio. A secretaria enviou um ofício a Brasília sugerindo que, na capital fluminense, a vacinação seja adiada por 15 dias. Segundo o órgão, nesse período os atendimentos a pessoas com dengue se tornariam menos numerosos e, com isso, seria possível adequar os postos de saúde às necessidades dos idosos. Devido à epidemia, várias unidades tiveram suas instalações modificadas para abrigar pontos de hidratação. - Também há a preocupação de que os efeitos colaterais da vacina da gripe, que podem ocorrer em algumas pessoas, sejam confundidos com os sintomas da dengue - explicou o secretário-geral do Conselho Distrital de Saúde de Santa Cruz e Paciência, Adelson Alípio. A Secretaria municipal de Saúde montou um esquema de funcionamento dos postos de saúde durante o feriado prolongado, de amanhã até quarta-feira. Todas as unidades funcionarão normalmente. A suspensão do ponto facultativo do dia 22 também faz parte do esquema. Nas tendas de hidratação, o número de atendimentos tem se mantido estável. Na do Hospital do Andaraí (federal), a média de pessoas que procuraram socorro esta semana foi de 162, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde. O dia mais movimentado foi terça-feira, com 178 atendimentos. Na quarta houve o menor fluxo de pacientes: 151. Ontem, por volta das 15h, cerca de 40 pessoas aguardavam na fila. O tempo de espera era de 1h20m. O município já registra 56.919 casos de dengue e 54 mortes pela doença. Anteontem foram confirmados mais dois óbitos: uma menina de 5 anos, moradora da Penha, morreu no dia 12 de abril no Hospital Getúlio Vargas; e uma mulher de 40 anos, moradora de Realengo, no último dia 13, no Hospital Carlos Chagas. Assim como epidemiologistas, o prefeito Cesar registrou uma queda no número de casos da doença. Segundo um levantamento mostrado por ele, todos os casos de março já foram contabilizados e somam uma média diária de 947 casos. Até 16 de abril, a média estaria em 295 casos por dia. Em janeiro foram 402 casos por dia e em fevereiro, 597. Em Angra, onde quatro óbitos foram confirmados, o secretário de Saúde, Edson Miranda, disse que o número de notificações diminuiu. Até agora, foram notificados 6.467 casos suspeitos de dengue em Angra, sendo 1.030 confirmados. A Prefeitura do Rio precisa ficar alerta em relação aos focos na vizinhança do Centro Administrativo, na Cidade Nova. Um gramado, localizado numa praça ao lado, está alagado e pode ser um possível foco de Aedes aegypti. A Secretaria municipal de Saúde informou que são realizadas vistorias periódicas nos arredores e que larvicidas são colocados em áreas com água empoçada. No último dia 9, soldados e oficiais do Exército que integram a força-tarefa de combate à dengue encontraram larvas de mosquito num terreno alagado em Realengo.
Correio Braziliense

COMBUSTÍVEIS
Lobão quer mudar Lei do Petróleo
Ministro de Minas e Energia admite estudos e considera que legislação precisa ser modernizada. Com a descoberta de grandes campos na camada pré-sal, governo defende maior remuneração para a União
Bruno Villas Bôas
Ministro de Minas e Energia admite estudos e considera que legislação precisa ser modernizada. Com a descoberta de grandes campos na camada pré-sal, governo defende maior remuneração para a UniãoBruno Villas BôasO ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, defendeu ontem mudanças na Lei do Petróleo, criada em agosto de 1997, e que marcou a flexibilização do monopólio das atividades de exploração e produção no Brasil. O ministro disse que estudos estão sendo conduzidos com esse objetivo, mas preferiu não antecipar detalhes. “O estudo está sendo feito, mas não pode ser adiantado assim de afogadilho. Isso porque não podemos errar. Todas as leis brasileiras, sempre que precisam ser modificadas, modernizadas, o são. Por que essa não seria? Então, se há necessidade de modernização, vamos modernizá-la”, disse. As mudanças na Lei do Petróleo vêm sendo defendidas por setores do governo após as descobertas de megacampos na camada pré-sal (águas ultraprofundas) da Bacia de Santos, como os de Tupi e Júpiter. A camada pré-sal teria um potencial de 70 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Parte do governo entende que, com o novo patamar de produção, as atuais regras não remunerariam devidamente a União. O ministro, contudo, nega que a intenção de mudar a legislação esteja relacionada apenas às recentes descobertas na camada pré-sal e à possível existência de reservas de 33 bilhões de barris de petróleo na área de Carioca, na Bacia de Santos, como estimado pelo diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, em um episódio polêmico. “Tem essa descoberta, que é importante, mas ainda que não houvesse, acredito que deveríamos modernizar a lei”, disse. “Não se quer modificar a regra do jogo com o jogo em andamento. Tudo que se fosse fazer seria para o futuro.” O ministro não detalhou se as mudanças alterariam o sistema de concessão para um contrato de partilha, pelo qual o governo criaria uma empresa 100% estatal para gerir as atividades de produção com empresas privadas. Outra possibilidade estudada é a adoção da taxação das empresas por rentabilidade. O diretor-geral da ANP defendeu na última semana que as mudanças nas regras do setor deveriam ocorrer por meio de decreto presidencial, e não mudança na lei. Ele disse entender que a mudança via legislação seria um processo mais lento e que se poderia aumentar a remuneração pública sobre a atividade alterando o percentual de isenção do pagamento de Participação Especial (PE). Carioca Sobre a estimativa antecipada das reservas, Lobão voltou a afirmar que é preciso de mais avaliações para se fazer uma previsão do potencial das reservas. “Nenhum de nós transmitiu essa informação. Temos que ter prudência”, disse o ministro, acrescentando que “indícios podem até existir, mas não trabalhamos com indícios, mas com fatos”. A mesma linha de discurso foi adotada pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Para ele, a companhia precisa realizar estudos adicionais. Os resultados deverão ser divulgados dentro de um a dois meses. “Não temos dados suficientes para fazer nenhuma afirmação. A área potencial exploratória é grande, mas não podemos falar nada de volume”, disse.
Correio Braziliense

marcha da Alvorada
Fuzileiros navais que chegam amanhã à capital reeditam caminhada de 1,2 mil quilômetros, entre o Rio de Janeiro e o DF, realizada por marinheiros, há 48 anos, para celebrar a fundação de Brasília
Pablo Rebello
Passo após passo, embaixo de chuva ou de sol quente, a tropa dos fuzileiros navais segue em frente. Os 230 soldados marcham pelas longas retas e curvas, subidas e descidas da BR-040 a uma média de 5km/h. Há 21 dias estão na estrada. Saíram do Rio de Janeiro em 28 de março para chegar a Brasília amanhã, dia 19, com a conclusão do percurso a pé de 1,2 mil quilômetros que separam as duas capitais. Eles repetem o feito da Operação Alvorada, quando um contigente de 124 fuzileiros navais, marinheiros e civis marcharam 24 dias para celebrar a inauguração da nova capital, em 1960. O cumprimento do percurso tem como propósito não só homenagear a epopéia realizada 48 anos atrás, como também representa o ponto alto das comemorações do bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais (leia Para Saber Mais) e faz parte da celebração do aniversário da cidade. Na segunda-feira, a força participará da cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, às 9h, assim como fará apresentação da banda sinfônica no palco da Secretaria da Cultura, ao lado do Museu Nacional, às 17h. Réplicas da carta entregue ao fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek, ao final da primeira marcha serão distribuídas para o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e à curadora do Memorial JK, Ana Cristina Kubitschek. Os fuzileiros passaram por Cristalina, a 119km de Brasília, na quinta-feira. A proximidade da capital traz ânimo para a tropa, que enfrentou diversas dificuldades no caminho. Mas nada capaz de comprometer a marcha, graças a uma equipe de apoio com 166 homens, responsáveis pela montagem de acampamentos e por toda a logística. Treinamento Para enfrentar a longa distância entre as duas capitais, a tropa tem se preparado desde outubro do ano passado. “As marchas variavam de 20km a 55km, um bom condicionamento físico para eles enfrentarem esse desafio”, afirma o capitão-tenente Eduardo Rabello. Apesar de acostumados a andar em qualquer clima, o calor tem sido um problema. Horas e horas de caminhada no asfalto quente causam bolhas até nos pés mais calejados. Motivo que leva a tropa a fazer paradas estratégicas durante o dia para que os homens possam descansar e tratar possíveis feridas. Mesmo com uma média de sete refeições diárias, a rotina dos fuzileiros não é fácil. Eles costumam acordar às 3h30 para tomar café e pegam a estrada até as 4h30. Depois, caminham o dia inteiro para completar o percurso de 55 quilômetros diários. Ao cair da noite, jantam nos acampamentos e seguem direto para suas barracas com colchões infláveis, onde adormecem exaustos. Os oficiais que os acompanham anotam o horário em que todos foram dormir e ajusta o cronômetro. O descanso dura invariavelmente sete horas. Ao toque da Alvorada, acordam e retomam o percurso. Enquanto a maioria dos fuzileiros cumpre os 55km de percurso diário em 11 horas, um deles percorre a mesma distância na metade do tempo. Todos os dias, o suboficial Sebastião Ferreira da Guia Neto, 40 anos, sai do acampamento cerca de uma hora depois que os colegas partiram e sempre chega ao novo ponto de repouso antes da tropa. Tudo porque ele se voluntariou a cumprir o percurso que separa o Rio de Janeiro de Brasília de forma diferente do restante da marcha: correndo. “Na verdade, já fiz uma prova parecida na França, quando percorri uma média de 65km por dia durante18 dias. Sonhava fazer algo parecido no Brasil e, quando surgiu a oportunidade da marcha, não tive dúvidas. Sugeri a idéia ao meu superior”, conta o suboficial Da Guia, como é mais conhecido entre os colegas. E ele não pára com a conclusão da marcha. Pretende continuar o treinamento para participar de uma maratona de 24 horas em Recife, em maio. Reformas A marcha dos fuzileiros navais do Rio de Janeiro para Brasília não será esquecida pelos alunos de 31 escolas de 29 municípios. Como parte das comemorações do bicentenário da força, um grupo social com 80 militares foi distribuído em cidades próximas à rota para realizar ações cívico-sociais. Equipes de oito pessoas visitaram os centros de ensino e fizeram reformas que vão desde pinturas até reparos nas instalações elétricas e hidráulicas. A visita dos militares, que duraram entre quatro a oito dias, não só davam uma cara nova para os colégios quando terminavam, como também alimentavam os sonhos de crianças. Como no caso do estudante Henrique Ferreira dos Santos, 8 anos. Depois de conviver com os fuzileiros nos seis dias em que estiveram na Escola Municipal Aleixo Torres Camargo, de Cristalina (GO), o jovem não tem dúvidas. “Quero ser que nem eles para proteger a pátria”, revela. Filho de uma dona-de-casa com um vendedor de sorvetes, o menino conta que ficou impressionado com a visita dos militares ao colégio. “Eles são muito legais. Melhoraram e muito a escola”, afirma. Os Pioneiros O primeiro grupo que saiu do Rio em 1960 para cumprir a Operação Alvorada era composto de 124 fuzileiros navais. Eles levaram três dias a mais que os da nova operação para pisar no solo da capital — que iria ser inaugurada em 21 de abril — após um percurso de 1,2 mil quilômetros. Entre os militares estavam o soldado Armando Barreto, hoje com 71 anos, e o capitão-de-fragata Alfredo de Souza Coutinho Filho, 74, que conta a experiência da primeira marcha no livro A pé para Brasília - crônicas de uma marcha, lançado em 2004, pela editora Relume Dumará.


Para Saber Mais
Dois séculos de lutaO Corpo de Fuzileiros Navais Brasileiro foi fundado em 7 de março de 1808. Na época chamada de Brigada Real da Marinha, a unidade de soldados marinheiros garantiu a segurança da família real e da corte portuguesa durante a transferência para o Brasil até a chegada ao Rio de Janeiro. Uma vez estabelecida no país, a brigada passou a defender os interesses do Príncipe Regente, D. João VI. Uma das primeiras missões que os soldados marinheiros receberam foi a tomada de Caiena na Guiana, ocupada por franceses, em represália à invasão de Portugal pelas tropas do general Junot. Após intensos combates, a brigada conquistou a vitória em 14 de janeiro de 1809. Para os fuzileiros, trata-se da primeira de muitas conquistas.
Folha de São Paulo

FORÇA:
LOBÃO NÃO DESCARTA AÇÃO DO EXÉRCITO CONTRA SEM-TERRA
Para o ministro de Minas e Energia, tropas do Exército podem ser usadas para conter invasões do MST. Segundo Edison Lobão, o Exército já foi mobilizado. "Não foi necessário entrar em ação, mas [está de prontidão] para prevenir qualquer atitude impensada." A ação da Força, diz, é "preventiva" e tem como objetivo principal "preservar o patrimônio do povo brasileiro", em referência à invasão de uma hidrelétrica em Sergipe
Jornal do Brasil

COLUNA
Um pouco de muita gente
Gilberto Amaral
A EXEMPLO do que aconteceu nos comandos da Aeronáutica e do Exército, o senador Fernando Collor será homenageado com almoço, próximo dia 28, pelo comandante-chefe da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto
Jornal do Brasil

COISAS DA POLÍTICA
Os militares e as fronteiras
Mauro Santayana
É necessário que o bom senso venha a prevalecer na Questão de Roraima. O Senado devia ser o centro do entendimento, mas os senadores da região estão ocupados em coisas menores. O descontentamento militar para com a demarcação em área contínua da Reserva Raposa Serra do Sol deve ser entendido e provocar uma reflexão mais profunda, tendo em vista todos os aspectos do problema. Enquanto se espera a decisão que o Supremo Tribunal Federal vier a adotar, é bom que o presidente e seus ministros continuem a negociar com todos os interessados.O Congresso, desde o famoso Consenso de Washington, parece ter abandonado o seu principal dever, que é o de garantir a integridade do território nacional. Ao contrário disso, abriram-se as fronteiras setentrionais para a invasão das ONGs – em continuidade a projeto antigo, do qual foi braço importante o senhor Nelson Rockfeller. Há, sobre o assunto, livro importante, de Gerard Colby e Charlotte Dennet (Thy will be done). É preciso que sejam expulsos da área os agentes provocadores estrangeiros, membros de ONGs que ali atuam, em franca violação da soberania nacional.A Igreja Católica pode compreender a necessidade de que a faixa de fronteira fique sob ocupação militar ostensiva e permanente, e que a demarcação em ilhas – respeitando a ocupação histórica das tribos – é a solução lógica. A tese é a de que a cultura autóctone deve ser preservada. Ela exigiria que os missionários de qualquer culto deixassem os índios com seus próprios deuses. Não há violação mais forte contra a identidade de um povo do que a de lhe trazer deuses estranhos. Não têm faltado defensores apaixonados da globalização da causa indígena, mas têm faltado defensores da soberania nacional.Em 1900, ao defender a causa do Brasil na Questão de Limites com a Guiana, Joaquim Nabuco (que nunca foi nacionalista extremado), lembrou que a Inglaterra havia mandado para a fronteira de sua colônia com o Brasil o pastor missionário Ioud, ainda em 1838. O evangelista se estabeleceu entre os macuxis da região de Pirara, e essa presença serviu de pretexto para que, quatro anos mais tarde, a Inglaterra invadisse o território brasileiro com um contingente militar comandado pelo mercenário alemão, travestido de cientista, Robert Hermann Schomburgk. O governo britânico pedira ao governo brasileiro passaporte que autorizasse ao cientista que, nas pesquisas que faria na região, entrasse em território nacional. A nossa boa-fé funcionou, e Schomburgk hasteou a bandeira britânica nas nascentes do Rio Essequibo. Em conseqüência de nossa negligência durante o governo da Regência, perdemos dois quintos do território em litígio com os ingleses, com o laudo de arbitragem do rei da Itália em 1904. Estamos agora, no caso da Raposa Serra do Sol (a mesma região), entrando pelo mesmo caminho e podemos até mesmo perder o que nos sobrou há um século. Os macuxis – os mesmos que foram na conversa do pastor e do mercenário – estão sendo agora seduzidos pelas ONGs, pelos novos missionários protestantes, e pelo Cimi.A questão básica de Roraima é a soberania brasileira sobre o território que nos foi legado pela História. O governo do presidente Lula naturalmente levará em conta que os governos, os partidos e todos nós somos efêmeros, mas que uma nação só merece existir se existir com o compromisso de permanecer para sempre. Outro aspecto é o do pacto federativo. O governo passado, aproveitando-se de circunstâncias conjunturais, decidiu a demarcação da Reserva – que era projeto do governo Collor, conforme confessou o senhor Sidney Possuelo, então superintendente da Funai. Já dissemos, neste espaço, que foi um erro converter os antigos territórios fronteiriços em Estados. Não havia neles cultura sedimentada que autorizasse a autonomia, nem tradições históricas de autogoverno. Mas sendo Roraima um Estado, tem todos os direitos do pacto federativo.O terceiro aspecto – que se amarra aos interesses ingleses do século 19 – é o da atualidade geopolítica. O New York Times, o mais liberal (no léxico político clássico e não em seu significado econômico atual) dos diários americanos, acaba de fazer apelo à maioria democrática do Congresso para que aprove novo tratado com a Colômbia. O argumento – nele atentemos – é o de que é importante a presença dos Estados Unidos em uma região em que os seus interesses estão sendo ameaçados pela queda da credibilidade do governo Bush. O jornal não nomeia quem rejeita a presença americana na área, mas é certo que estamos entre os que gostariam de que não se imiscuíssem na América Meridional.Alguns militares exageraram, ao dizer que, servindo ao Estado, não devem estar submetidos ao chefe de governo. Mas a sua angústia, diante das perspectivas do mundo, é explicável.
Jornal do Brasil

COLUNA
Força de Submarinos
Anna Ramalho

Jornal do Brasil

Ameaça de apagão custa R$ 745 mi
Dinheiro gasto com acionamento de usinas térmicas será repassado para a conta de luz
O uso de termelétricas nos três primeiros meses do ano custará R$ 745 milhões aos bolsos dos consumidores de energia elétrica de todo o Brasil. Este foi o custo adicional do acionamento dessas usinas, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e que será repassado para a conta de luz.Desde o fim do ano passado, por causa da falta de chuvas, o governo determinou que termelétricas a óleo e a gás – mais caras e mais poluentes – fossem acionadas para compensar as hidrelétricas. Segundo a Aneel, o custo adicional do uso dessas usinas em janeiro foi de R$ 31 milhões. Já em fevereiro, quando quase todas as termelétricas estavam em funcionamento, o valor ficou em R$ 268 milhões. Em março, a previsão é de que fique em R$ 446 milhões, mas o número final só será fechado na próxima semana.Como esse valor é dividido por todas as distribuidoras do Brasil, o impacto na conta de luz deverá ser pequeno. Ontem, a Aneel começou a autorizar o repasse no reajuste de distribuidoras do Sul e do Nordeste. Para a AES Sul, por exemplo, o impacto na conta de luz será de 0,56% e para a RGE de 0,44%. As duas distribuidoras atuam no Rio Grande do Sul.As termelétricas são acionadas quando o seu custo é menor do que o preço da energia no mercado à vista. Desde o fim do ano passado, porém, o governo determinou o funcionamento de usinas cujo custo estava acima desse preço. Técnicos da Aneel explicaram que esse valor adicional é transformado em encargo, ou seja, cobrado na conta de luz. A divisão entre os consumidores é feita proporcionalmente ao mercado de cada distribuidora.Desligamento de usinasApesar de o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ainda não ter dado a ordem formal para o desligamento das térmicas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) já começa a reduzir o funcionamento dessas usinas, principalmente das movidas à óleo e diesel – mais caras e mais poluentes. Até o dia 3 de abril, o ONS despachava entre 33 e 35 termelétricas por dia. Desde o dia 4, porém, o número caiu e varia de 20 a 25 usinas diariamente.Desde ontem 25 usinas geraram energia. Na comparação com o dia 31 de março, por exemplo, 11 usinas foram desligadas, das quais quatro a óleo e cinco a diesel. Apenas três usinas a óleo e uma a diesel foram mantidas em funcionamento.Segundo o Ministério de Minas e Energia, o desligamento dessas usinas ainda não é definitivo e a decisão permanente será tomada na próxima reunião do CMSE, marcada para daqui a duas semanas. A assessoria do ministério explicou que a ONS tem autonomia para administrar o sistema e desligar térmicas de acordo com as chuvas, em caso de risco de a água ultrapassar a capacidade dos reservatórios das hidrelétricas.Desde o fim do ano passado, o governo determinou o acionamento de termelétrica por causa da falta de chuva. Com a entrada das térmicas em funcionamento, os reservatórios das usinas hidrelétricas são poupadas para o período seco.O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou ontem que a próxima reunião do CMSE deverá decidir pelo desligamento de todas as usinas termelétricas movidas a óleo combustível ou diesel. Acrescentou que poucas térmicas movidas a gás serão mantidas ligadas, em função do nível mais confortável dos reservatórios.– Não há mais necessidade de essas térmicas ficarem ligadas, mas algumas funcionarão, só por zelo.
O Estado de São Paulo

Não se intrometa, diz Duarte a Chávez
Presidente paraguaio adverte que interferência na campanha eleitoral em favor de Lugo ameaça laços com Caracas
Ariel Palacios
No idioma guarani, como costuma fazer quando quer dar um recado de importância, o presidente Nicanor Duarte declarou ontem que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, não deve se intrometer nos assuntos paraguaios. 'Minhas saudações cordiais aos filhos da Venezuela que nos estão escutando e peçam a suas autoridades que não metam seus narizes em nosso país', afirmou Duarte à TV Telesul (canal internacional do qual o governo venezuelano é acionista majoritário). Ele disse que a interferência de Chávez na campanha eleitoral paraguaia pode destruir sua amizade com o governo venezuelano.Segundo o presidente, grupos venezuelanos estão apoiando o principal candidato da oposição - e preferido nas pesquisas -, o ex-bispo Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança (APC), coalizão que conta com setores de esquerda que simpatizam com Chávez.'É preciso respeitar a soberania dos povos', disse o presidente, visivelmente irritado, durante a entrevista à Telesul na residência oficial. Ele indicou que várias pessoas que estão chegando ao Paraguai como observadores internacionais não passariam de 'agitadores'.No domingo, 2,8 milhões de paraguaios vão às urnas eleger o novo presidente, governadores, toda a Câmara e o Senado. Estas eleições estão sendo consideradas históricas, já que a permanência do governista Partido Colorado - no poder há 61 anos - está em risco. A candidata colorada, a ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, oscila nas pesquisas entre o segundo e o terceiro lugar.Na quarta-feira, Duarte disse ao Estado que os seguidores de Lugo, assessorados por especialistas venezuelanos, estavam preparando distúrbios para a noite de domingo. 'Eles dizem que não reconhecerão a vitória de meu partido e de Blanca nas eleições. Esse tipo de coisa não é nada democrático.'As suspeitas sobre as atividades de venezuelanos, colombianos e equatorianos no país provocaram situações inusitadas. Na terça-feira, a polícia deteve um grupo de nove colombianos em Assunção, sob a suspeita de serem guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas os jovens (entre 18 e 20 anos) eram na verdade torcedores do Atlético Nacional da Colômbia. Ontem, um argentino e uma francesa foram detidos por terem aspecto de 'agitadores sociais'. Mas os dois estavam preparando um documentário sobre Lugo.DEBATEO último debate entre os candidatos presidenciais, ontem à tarde, foi marcado pela polêmica. O clima tenso começou quando Lugo avisou, apenas meia hora antes do início do debate, que não participaria, alegando, sem entrar em detalhes, que não existiam 'condições políticas' para seu comparecimento. O anúncio irritou Humberto Rubín, moderador do programa, que passou boa parte do debate criticando o ex-bispo.O ex-general - e ex-golpista - Lino Oviedo, da União Nacional de Cidadãos Éticos; a candidata governista e o empresário Pedro Fadul, do Partido Pátria Querida, também aproveitaram a ocasião para criticar Lugo. No último minuto do debate, Oviedo levantou uma pasta que, segundo ele, tinha documentos que provariam a ligação do ex-bispo com seqüestradores.
O Estado de São Paulo

Brasil é 13º país com maior risco de epidemia
Estudo mostra que reemergência de doenças hemorrágicas aumenta
Emilio Sant’Anna
O Brasil é o 13º de uma lista de 53 países na zona tropical com maior potencial para desenvolver uma epidemia de grandes proporções. As condições socioeconômicas e os níveis de alteração e devastação ambiental foram relacionados para chegar a esse péssimo resultado. O alerta é de um levantamento inédito no País realizado no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).O estudo analisou a incidência de quatro doenças hemorrágicas (febre amarela, dengue hemorrágica, Ebola e Marburg), entre 1980 e 2005. A primeira atinge a América do Sul, Central e África. Ebola e Marburg (doenças parecidas e com alta letalidade) são restritas ao continente africano. Já a dengue hemorrágica estende-se por praticamente toda a área tropical, incluindo países das Américas do Sul e Central, África e Ásia.A conclusão é que não só a reemergência dessas doenças é cada vez maior, como também a possibilidade de surgir novas epidemias, ainda desconhecidas. “No Brasil ainda se morre de febre amarela e de dengue. Isso mostra que não estamos preparados para tratar outras possíveis doenças”, afirma o geógrafo Paulo Roberto Moraes, professor da PUC e autor da pesquisa, que se transformou em sua tese de doutorado.No topo da lista dos países mais vulneráveis, aparece a República Democrática do Congo, país que registrou 868 casos de Ebola e 154 de Marburg, no período analisado. Costa do Marfim, Sudão, Uganda e Angola completam as cinco primeiras posições. Em comum, além da alta incidência de doenças hemorrágicas, o baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Angola, por exemplo, ocupava a 161ª posição no ranking de desenvolvimento humano em 2006. Um ano antes, o país - que tem 16,2% de suas florestas devastadas - registrou 347 casos de Marburg, com 329 mortes.O desmatamento pode contribuir para apressar o contato do homem com microrganismos que hoje estão em equilíbrio no meio ambiente. “Estamos sim à beira de uma grande epidemia na região e a natureza está dando mostras disso”, alerta Moraes. No continente americano, estão à frente do Brasil apenas Equador, Colômbia, Venezuela e Bolívia.Na avaliação geral, o País - com mais de 540 mil km2 de área de floresta desmatada entre 1980 e 2000 - aparece à frente de nações como Nigéria, Serra Leoa, Vietnã, Bangladesh e Haiti. Enquanto a taxa de morbidade da dengue hemorrágica aqui cresceu mais de 20 vezes em 25 anos, mais de cinco mil casos foram registrados.NOVAS DOENÇASPara o epidemiologista da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Luciano Toledo, ainda que a possibilidade de o País enfrentar uma epidemia de Ebola ou Marburg seja nula, o surgimento de doenças agressivas não pode ser descartado. “O que mais preocupa são as doenças que não conhecemos, principalmente os arbovírus que circulam na região amazônica e que em algum momento podem atingir a população”, diz.O epidemiologista cita o exemplo de militares que freqüentemente entram na área da floresta. Há cerca de dez anos, um grupo de militares contraiu uma doença desconhecida na região. “Na ocasião, fizeram a única coisa que não poderiam: trouxeram os soldados para o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, expondo a população da maior cidade do País a um vírus desconhecido”, diz. Para evitar situações como essa, um convênio entre o Exército e a unidade da Fiocruz na Amazônia foi firmado para monitorar situações de perigo biológico.Para a socióloga e professora titular da Faculdade de Saúde Pública da USP, Nelly Martins Ferreira Candeias, a população exposta aos riscos decorrentes do desmatamento tem ainda um outro problema: a lentidão das medidas de controle imediato. “Embora seja difícil romper os elos desses fatores, não há dúvida de que, quanto maior a pobreza, maior o risco”, afirma.Para conter esse risco, o Ministério da Saúde criou, em 2006, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). Em média, quatro situações de risco epidemiológico são relatadas ao centro por semana. Bahia, Minas, Paraíba e Espírito Santo são alguns dos Estados que mantêm unidades do Cievs. Aos Estados da região amazônica, no entanto, elas devem chegar somente em 2011. “Mesmo os municípios mais distantes podem notificar o centro por e-mail”, diz o diretor de vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage.
O Estado de São Paulo

ECONÔMICAS
Energia térmica já pesa no bolso de distribuidoras
QUEM PAGA A CONTA O custo com as usinas termoelétricas ligadas no fim de 2007 para poupar água dos reservatórios das hidrelétricas já pesa no custo das distribuidoras.Em março, o uso da energia gerada pelas térmicas, que é mais cara, representou adicional de R$ 446 milhões no gastos das distribuidoras com compra de energia, segundo técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica. O consumidor não tem sentido esse impacto porque boa parte das revisões tarifárias tem resultado em queda de tarifas, por causa do aumento de produtividade. Mas a redução poderia ser maior se não fosse o uso das térmicas.
O Estado de São Paulo

Para a 'Economist', Brasil será superpotência
Andrea Vialli
“Uma superpotência econômica, e agora em petróleo também.” Esse é o título do editorial que a revista inglesa The Economist, uma das mais influentes publicações sobre economia do mundo, dedicou ao Brasil, na edição desta semana. A publicação, cuja capa trata da crise dos alimentos, publicou ainda várias páginas de reportagem sobre o País. A revista destacou o crescimento de 5,4% do PIB brasileiro em 2007 e sua pujança como produtor de matérias-primas. “O crescimento da economia brasileira ainda é modesto, se comparado aos padrões chineses, mas essa comparação é equivocada. O Brasil experimentou taxas de crescimento chinesas entre as décadas de 1950 e 1960. É muito mais difícil para um países de classe média, como o Brasil é hoje, crescer a taxas mais altas.” De acordo com a publicação, as razões para o crescimento brasileiro atual são três - o controle da inflação, o fim da dívida externa e a democratização. O bom momento da economia brasileira é reflexo também, segundo a Economist, do alto preço das commodities. A descoberta dos campos de petróleo e gás de Tupi e Júpiter, mais o potencial estimado do campo de Pão de Açúcar, na bacia de Santos, tranformariam o País no oitavo do ranking mundial dos produtores de petróleo. “Conseguiria o Brasil se tornar uma potência do petróleo assim como é um gigante agrícola?”, questiona a revista. “De todas as commodities que o Brasil exporta, o petróleo foi considerado, durante anos, como o menos relevante, devido a reservas modestas.” Se as recentes descobertas se concretizarem, o Brasil estará lado a lado com Venezuela ou Arábia Saudita, publica a revista.A publicação destaca também que, se confirmada, a riqueza oriunda do petróleo pode ser também motivo para preocupação. “O petróleo pode transformar a economia brasileira, mas não necessariamente para melhor”, adverte. “A moeda brasileira, o real, já se valorizou a níveis que fizeram os exportadores recuar. Se se tornar uma moeda do petróleo, muitas indústrias podem fechar as portas, pois o custo de se fazer negócios no Brasil se tornará proibitivo.”
O Estado de São Paulo

Oviedo afirma que não revisaria Tratado de Itaipu
Ariel Palacios
O ex-general Lino Oviedo, candidato à presidência do Paraguai pela União Nacional de Cidadãos Éticos, disse ontem que, se eleito, não pretende alterar o Tratado de Itaipu, ao contrário de seus principais rivais nas eleições de domingo - que pregam a revisão do acordo para conseguir tarifas mais altas na energia elétrica que o Paraguai repassa ao Brasil. Indagado pelo 'Estado' se o Brasil pode ficar 'tranqüilo' em um eventual governo seu em relação a Itaipu, Oviedo afirmou: 'Se a contraparte diz que o tratado deve ser respeitado, e assim está escrito, é melhor e mais conveniente ao Paraguai.' Ele acrescentou: 'Seria uma estratégia erradíssima ficarmos mal com o nosso vizinho mais importante.' Oviedo oscila entre o segundo e terceiro lugar nas intenções de voto.
O Globo

PANORAMA ECONÔMICO
Antes do sal
Míriam Leitão
A Pemex, estatal de petróleo do México, está perdendo reservas; o Equador tem petróleo e não consegue extrair; a venezuelana PDVSA está subinvestindo e distribuindo gasolina de graça até para os ricos; a Bolívia tem clientes querendo seu gás e não tem como tirá-lo dos campos. Que modelo o Brasil quer para sua área de petróleo? Essa é a pergunta que fica no ar neste episódio do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. Ele entende tanto de como funciona o mercado que decidiu fazer "uma cogitação" sobre reservas de petróleo. Não é só mais um atrapalhado de tantos que já fizeram cogitações parecidas no governo; ele tem sido um dos principais defensores da mudança de modelo de exploração. E não fala sozinho; tem mais gente no governo defendendo a mesma coisa. O uso político do petróleo é o modelo mais rápido para que se percam as vantagens de um recurso poluidor, mas ainda indispensável no mundo. Se o que Haroldo Lima e a própria Petrobras estão falando quando defendem o novo modelo é o fim dos leilões, para que as áreas mais promissoras sejam dadas à Petrobras, é preciso lembrar que a Petrobras é controlada pelo Estado, seu acionista majoritário, mas é uma empresa de capital aberto que tem milhões de acionistas no mundo inteiro. Uma mudança de regra que a beneficie tão descaradamente é uma forma de privatização de riqueza. Muita coisa pode mudar, mas se preservando o modelo de leilão com concessão de áreas, o setor aberto, que têm funcionado de forma mais eficiente que nos países onde se manteve o setor fechado ou se usou o combustível para rompantes nacionalistas. David Zylbersztajn, que foi o primeiro diretor-geral da ANP, acha que muita coisa pode mudar, preservando-se o modelo: - A taxação pode mudar por decreto presidencial. Digamos que hoje, com os impostos estaduais e municipais, a taxação seja de 50%; ela pode subir em áreas mais promissoras. Para David, o Brasil está com boas notícias, num golfo de más notícias para países tradicionalmente fornecedores, porque a abertura do setor permitiu a entrada de mais investimento em pesquisa e desenvolvimento. - A Petrobras é uma das top-5 no mundo em capacidade para exploração em áreas profundas. A competência e a parceria com empresas como BG, Petrogal, Repsol e outras explicam parte do sucesso do Brasil. Zylbersztajn acrescenta: - O caso da Pemex é emblemático. Hoje a produção do Golfo do México está em alta, mas o México perde reservas. O Equador é um país da Opep que quebrou; a Venezuela está com baixa capacidade de investimento. Enquanto isso, o Brasil acumula novas descobertas, como os campos de Tupi, Júpiter, Carioca. Desde os primeiros indícios nesses campos, a comemoração teve um tom político. Esta governamentalização da Petrobras esconde fiascos: o Brasil comemorou eleitoralmente a auto-suficiência do petróleo que não tem até hoje. Em 2007, o déficit em petróleo foi de US$5 bilhões; este ano, serão US$8 bilhões, segundo informou o "Valor". Com todo esse alvoroço, o fato é que a produção não está aumentando. Por fatores conjunturais, como atrasos de plataformas, ela está estagnada. - A Petrobras tem feito um bom trabalho, mas o que está sendo encontrado no pré-sal não são ainda reservas. É preciso saber quanto daqueles recursos vai virar reservas e, para isso, é preciso saber por quanto e como será possível explorar. Quanto mais o petróleo sobe, mais se torna viável essa exploração, mas levará tempo até se ter uma posição segura. A notícia circula: o Brasil tem feito grandes descobertas. A Brazilian-American Chamber of Commerce distribuiu, um dia depois das declarações do diretor da ANP, um convite para uma palestra com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em Nova York, em junho, dizendo que "as primeiras informações sugerem que a estatal pode estar com uma descoberta de 33 bilhões de barris em suas mãos". É essa informação que Haroldo Lima disse que viu numa revista. Mas o governo todo tem feito apressadas declarações a respeito das reservas; e por dois motivos: para fortalecer o movimento do "nunca antes" e para fermentar a idéia de uma mudança no modelo de exploração que dê mais vantagens à Petrobras. David acha que o Brasil está num momento especial. Que pode, com essas descobertas, com o biocombustível e com as outras fontes de energia, ter uma situação singular no mundo: - Podemos ter, de fato, independência energética. O petróleo será, no futuro, cada vez mais visado e taxado pelos seus efeitos de emissão dos gases de efeito estufa, mas o Brasil tem também outras fontes. É preciso um bom modelo para lidar com isso. Quando a empresa estatal pensa que é o país, quando os governos tomam como seus os recursos energéticos, o próprio país acaba perdendo. Ou é o caso da Venezuela, que gasta seu petróleo dando gasolina quase de graça a todos, inclusive aos ricos, e não tem como abastecer os supermercados. Ou da Pemex, que anda para trás. Ou do Equador, que quebrou. Ou da Bolívia, que está com gás preso no subsolo. Dificilmente chegaremos à situação da Noruega, que constrói um fundo de riqueza para as futuras gerações, depois de atender às necessidades básicas da população. No entanto, podemos aprender como não fazer olhando bem o exemplo dos vizinhos.
O Globo

Fiocruz lança novo tratamento contra malária
Droga combina duas substâncias num único comprimido e simplifica o controle da doença
O tratamento da malária ficou mais fácil. Em parceria com a organização de pesquisa Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), a Farmanguinhos (unidade de produção de medicamentos da Fiocruz) lançou uma nova combinação de drogas contra a doença. A terapia ASMQ reúne o artesunato (AS) e a mefloquina (MQ). Segundo pesquisadores, a vantagem é combinar dois medicamentos eficazes num pequeno comprimido (de cor azul) e isto simplifica o tratamento. Assim, as duas substâncias serão tomadas ao mesmo tempo e na proporção correta. Adultos e crianças terão de usar apenas de um a dois comprimidos por três dias. De acordo com pesquisadores, as combinações com derivados de artemisinina (ACT), como o ASMQ, são considerados os melhores tratamentos contra a malária provocada pelo protozoário Plasmodium falciparum. Crianças são as principais vítimas da infecção Este é o primeiro medicamento para doenças negligenciadas desenvolvido e registrado no Brasil. Para o Eduardo Costa, diretor da Farmanguinhos, a parceria com a DNDi "demonstra que é possível desenvolver tecnologias inovadoras de medicamentos direcionados ao social." Bernard Pécoul, diretor executivo da DNDi, diz que a nova combinação em dose fixa é um bem público que atende às necessidades dos pacientes. - É fácil de usar, mais acessível financeiramente e de boa qualidade - afirma. O ASMQ é indicado principalmente contra infecção causada por Plasmodium falciparum. A doença é transmitida pelo mosquito Anopheles. Por ano, são registrados um milhão de casos na América Latina, a maioria no Brasil. As principais vítimas são crianças. A malária mata mais de um milhão de pessoas por ano no mundo. A cada 30 segundos, uma criança morre vítima da doença, na África. Em 2006, a organização Médicos Sem Fronteiras tratou dois milhões de pacientes na África, Ásia e Américas.
O Globo

NEGÓCIOS & CIA
Rio estréia em energia eólica
Tem data marcada o pontapé inicial da construção do primeiro parque de geração de energia eólica do estado do Rio - e também da Região Sudeste. Será dia 30 o lançamento da pedra fundamental do projeto da Gargaú Enérgica, no distrito de mesmo nome do município de São Francisco de Itabapoana, no Norte fluminense. Serão 17 aerogeradores, com capacidade individual de 1,65 MW. Ao todo, o empreendimento terá capacidade instalada de 28MW. Vai produzir energia suficiente para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes, diz André Leal, gerente-executivo da empresa. O parque eólico consumirá R$130 milhões em investimento e começa a operar em dezembro deste ano. O projeto foi inserido no Proinfa, programa federal de incentivo a energias alternativas. Estará integralmente atrelado ao Sistema Interligado Nacional, operado pelo ONS. O parque fluminense é o primeiro da empresa. Se bem sucedido, informa Leal, pode ser ampliado ou estendido a outras regiões. Brasil perde espaço no mundo O Brasil ainda está muito atrás de outros emergentes na produção eólica. Enquanto China e Índia responderam por 25% da capacidade adicional instalada em 2007 e estão entre os cinco maiores fabricantes mundiais, o país caiu da 20ª para a 25ª posição no ranking da Associação Mundial de Energia Eólica. O Brasil produz hoje 247,1 MW da energia renovável. A matriz eólica mundial chega a 93,8 mil MW. Em 2008, o potencial global eólico instalado deve chegar a 115 mil MW.

O Estado de São Paulo

Governo prevê País entre as 10 maiores reservas de petróleo
Estimativa é de que as reservas brasileiras vão crescer de 14 bilhões para 85 bilhões de barris
Ribamar Oliveira
Circula nos principais gabinetes do governo uma avaliação de que o petróleo na área do pré-sal, na plataforma continental que vai do sul do Espírito Santo ao norte de Santa Catarina, colocará o Brasil entre os dez maiores detentores de reservas do mundo. Por essas estimativas, as reservas brasileiras, hoje de apenas 14 bilhões de barris de petróleo equivalente (óleo mais gás), poderão chegar a 85 bilhões. A área do pré-sal teria de 50 bilhões a 70 bilhões de barris.Essa avaliação foi feita no governo após as descobertas dos megacampos de Tupi, de Júpiter e de Carioca/Pão de Açúcar, todos na Bacia de Santos (este último em fase de testes). Os indícios obtidos pela Petrobrás foram repassados à Presidência da República e serviram de base para a projeção. O principal argumento é que os poços furados pela Petrobrás tiveram resultado positivo.A verdadeira dimensão das reservas ainda será objeto de pesquisas que poderão durar vários anos. Mesmo porque, advertem as fontes, boa parte da área não foi licitada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Assim que o megacampo de Tupi teve as reservas dimensionadas, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) excluiu 41 blocos da 9ª rodada da ANP.A crítica no governo ao diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, é de que ele deu curso a avaliações preliminares, baseadas em indícios e suposições. Além disso, não respeitou formalidades legais para anúncios dessa natureza, em relação aos direitos dos acionistas das empresas envolvidas.A perspectiva de uma grande reserva de petróleo na área do pré-sal abriu duas discussões no governo. A primeira é saber se a Lei do Petróleo é suficiente para a nova realidade. A maioria dos governistas quer alterar o marco regulatório do petróleo para que a União se aproprie de maior parcela da receita a ser obtida pelas empresas na área. A segunda discussão é sobre o que fazer com essa riqueza. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo, quer destinar parte dos recursos a um programa de renda mínima. Seu colega Aloizio Mercadante (PT-SP) defende projetos que criem emprego.
O Estado de São Paulo

SIDERURGIA
Eike busca siderúrgica de grande porte
O Porto de Açu, que está sendo construído pela LLX, de Eike Batista, contará com uma siderúrgica estrangeira com capacidade para produzir 10 milhões de toneladas por ano. Segundo o presidente da LLX, Ricardo Antunes, a usina produzirá chapas e tubos de aço para o mercado interno e externo e envolverá investimentos de US$ 12 bi.
O Globo

Setor naval não atende à demanda
A indústria naval do Rio vai conseguir atender a apenas parte das encomendas nos próximos anos, avalia Júlio Bueno, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. Para ele, há uma série de questões a serem resolvidas nos estaleiros fluminenses, como falta de capacidade financeira e de locais assegurados para as obras. Levantamento da secretaria aponta que existem quase US$8 bilhões em projetos já contratados no Rio, entre encomendas de Petrobras, Vale e PDVSA, por exemplo. Com os investimentos de petróleo na camada pré-sal, o total pode dobrar. -- O governo não vai hesitar em intervir para ter estaleiros fortes - disse Bueno. Segundo a secretaria, há outras oportunidades da Petrobras, como parte das plataformas P-55, P-59 e P-60 e navios-plataformas. De olho nas oportunidades, o estaleiro Mac Laren assina hoje contrato com o Jurong, de Cingapura, para construir plataformas em seu estaleiro de Niterói. A brasileira está investindo R$200 milhões na construção de um dique seco, que será o único da Região Sudeste. Com essa infra-estrutura e a tecnologia do Jurong, será possível construir qualquer plataforma de exploração de petróleo, disse Gisela Mac Laren, presidente da Mac Laren: - Investimos para atender às necessidades da Petrobras. (Bruno Rosa e Mariana Schreiber)
Correio Braziliense

MEIO AMBIENTE
Venda ilegal de corais é flagrada
PF desarticula quadrilha que contrabandeava parte da biodiversidade marinha brasileira para parques aquáticos e colecionadores do Brasil e do exterior. Ação ocorreu também em três países da Europa
Edson Luiz
Dez pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal acusadas de exportação ilegal de pelo menos 20t de fragmentos de corais para parques temáticos e aquáticos de 12 estados brasileiros e para pelo menos oito países da Europa e América do Norte. Os corais eram retirados de recifes de Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, as únicas reservas existentes em todo o Atlântico Sul. Outras quatro pessoas estão sendo procuradas e 64 procedimentos de busca e apreensão foram feitos no Brasil, Dinamarca, Holanda e Alemanha. Em Pernambuco, apenas ontem, foram apreendidos cerca de 800kg de corais que estavam armazenados na Praia de Maria Farinha, no litoral norte. “Temos uma floresta tropical, e os recifes eram como se tivéssemos também nossa floresta marinha, pois é uma das maiores biodiversidades existentes no mundo”, observa a delegada Adriana Vasconcelos, que coordenou as investigações da Operação Nautilus, desencadeada ontem pela PF. Segundo ela, pelos levantamentos feitos durante a investigação, que iniciou em 2006, o grupo, formado por duas empresas localizadas em Recife e no Rio de Janeiro, exportou de fora irregular 20t de corais, e outras 16t no mercado interno. A expectativa para este ano seria enviar para o exterior 11 toneladas mensalmente, diz a PF. A investigação iniciou quando a PF observou a exportação de corais pelo Aeroporto dos Guararapes, na capital pernambucana, uma atividade pouco comum. Normalmente, o procedimento é feito pelo Rio de Janeiro, onde grandes quantidades de produtos não passam pela fiscalização da Receita Federal. Ao vistoriar uma das cargas, que estava sendo enviada para a Europa como se fosse de algas, a PF descobriu que eram corais, utilizados em parques temáticos e aquáticos para ornamentação e limpeza de água. Segundo a delegada, não há ainda uma estimativa de movimentação financeira, o que será feito nos próximos meses. “Pedimos o bloqueio das contas das empresas e dos envolvidos no Brasil e em Londres, que era usada para receber o dinheiro das exportações”, explica Adriana. Neste ano, a extração ilegal de 90t de corais foi detectada no litoral norte de Pernambuco, da Bahia e do Espírito Santo. Em vários depósitos, a PF apreendeu mais de três toneladas de corais, que foram devolvidos aos recifes. Conforme a delegada, houve buscas e apreensões em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O grupo vai responder por diversos crimes ambientais, cujas penas são pequenas. Por este motivo, a PF vai enquadrar os presos por danos ao patrimônio público, contrabando, formação de quadrilha, falsidade ideológica e receptação. O númeroPrisões10 pessoas foram detidas pela PF no Brasil O número[Volume11 toneladas seriam exportadas mensalmente em 2008, revela a PF
Correio Braziliense

COOPERAÇÃO
Brasil e Índia fecham acordos
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Índia, Pratibha Patil, se reuniram ontem no Palácio do Planalto e assinaram um memorando de entendimento destinado a intensificar a cooperação bilateral em assuntos como exploração e processamento de petróleo e gás natural, agricultura e comércio. A chefe de Estado considerou insuficiente o intercâmbio comercial registrado no ano passado entre os dois países, de US$ 3,1 bilhões. “Devemos elevar esse valor para, pelo menos, US$ 10 bilhões até 2010”, afirmou Patil, ao fim de sua visita de três dias ao país — a primeira viagem oficial da indiana ao exterior desde sua eleição, em 2007. Lula também fez um apelo pela intensificação do comércio. “Podemos alcançar cifras mais expressivas. Para isso, devemos diversificar e equilibrar nossa balança comercial, estimular investimentos recíprocos e criar novas associações”, declarou. A Índia é o 4º maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, e o Brasil é o maior parceiro comercial da Índia na América Latina. O presidente brasileiro lembrou a importância da atuação conjunta na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde Brasil e Índia adotam posições comuns para assegurar que a Rodada de Doha “seja bem-sucedida e leve em conta os interesses e necessidades dos países pobres”. Petróleo Os dirigentes assinaram um acordo de cooperação em matéria de petróleo e gás natural, que prevê a formação de associações entre empresas dos dois lados para a construção de gasodutos e oleodutos. O documento aponta ainda para a criação de um grupo de trabalho sobre o tema, de maneira que indianos e brasileiros possam unificar posturas relativas a assuntos como políticas energéticas e meio ambiente. Uma parte do memorando de entendimento é toda dedicada à agricultura, setor que tem peso bastante significativo no Produto Interno Bruto (PIB) dos dois países. O texto insta os dois a intensificarem a parceria em pesquisas, tecnologia de equipamentos, processamento, logística e segurança alimentar, entre outras áreas. Segundo o presidente brasileiro, os acordos entre Brasil e Índia vão trazer benefícios para seus povos e maior participação de ambos nas questões mundiais. Lula citou também o esforço conjunto de Nova Délhi e Brasília nas Nações Unidas, a fim de que o Conselho de Segurança da organização se torne mais representativo, com países desenvolvidos e em desenvolvimento das várias regiões do mundo entre seus membros permanentes. O chefe de Estado brasileiro tem programada uma visita à Índia no segundo semestre do ano, o que seria sua terceira viagem ao país desde que assumiu o poder, em 2003.
Jornal do Brasil

COLUNA
Marcha Rio/Bsb/Coluna Macedo/Um pouco de muita gente/Dia do Exército
Gilberto Amaral
Marcha Rio/BsbPara comemorar seus 200 anos de fundação e o aniversário de Brasília, o Corpo de Fuzileiros Navais realiza o que pode ser considerado o mais desafiador e empolgante feito: a Marcha Rio-Brasília.É uma expedição que reúne 230 militares, fuzileiros navais e marinheiros, que desde o último dia 28 percorrem os 1.170 quilômetros entre a Base de Fuzileiros Navais do Rio e a Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde chegam às 8h30 do dia 21 próximo, para o hasteamento da Bandeira Nacional brasileira. Coluna MacedoA marcha é denominada “Coluna Bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais – Suboficial Fuzileiro Naval Macedo”, uma homenagem ao suboficial da Infantaria Cid Clímaco de Macedo, falecido quando se preparava para integrar a marcha.Revive também a Operação Alvorada, realizada em março de 1960, quando 124 fuzileiros navais marcharam 24 dias do Rio a Brasília para a inauguração da nova Capital.Um pouco de muita genteO COMANDO da Marinha homenageou com almoço de honra, o acadêmico Marcos Vilaça, ministro do TCU. Presidiu o ato o almirante Álvaro Luiz Pinto, secretário geral da Força, e estavam presentes membros da alta oficialidade naval do Brasil. Dia do ExércitoO Senado realiza sessão especial nesta quinta-feira, proposta pelo senador Romeu Tuma, para homenagear o Dia do Exército Brasileiro.Comemorado no dia 19 de abril, a data é uma referência à Batalha dos Guararapes, travada entre tropas holandesas e revolucionárias em Pernambuco, que culminou pela desocupação do território brasileiro.

CARIOCA PAULISTA /BRASIL, VENEZUELA, RÚSSIA /
NELSON DE SÁ

CARIOCA PAULISTA

O "Valor Econômico" deu mapa sobre os "blocos do pré-sal", os campos da bacia de Santos, com a "divisa de Estado" que deixa Tupi e Júpiter no Rio de Janeiro -e o novo megacampo, Carioca, inclusive royalties, em São Paulo BRASIL, VENEZUELA, RÚSSIA Na principal notícia de Brasil no site de buscas Yahoo News, ontem à noite, com reprodução também nos sites de "NYT", "Washington Post" e outros, "Brasil e Rússia vão desenvolver jatos militares em conjunto", da AP.Antes, desde Caracas, a Reuters noticiou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois de se reunir com Hugo Chávez, "prevê a instalação do Conselho Sul-Americano de Defesa ainda este ano". E o ministro não vê corrida armamentista. "É importante que os países tenham armas.""VARRE O RIO" Em "Explosão de dengue varre o Rio", o "NYT" deu as 80 mortes e descreveu bairros tomados por tendas militares -e registrou a infecção também de turistas.
Folha de São Paulo

Frases
NOVA LINGUAGEM
"Isso distancia muitíssimo da linguagem das velhas alianças clássicas, como a Otan"NELSON JOBIMministro da Defesa, dizendo que o Conselho Sul-Americano de Defesa, discutido com Hugo Chávez, não terá um perfil operacional, como queria o venezuelano, ontem na Folha.
Folha de São Paulo

Mercado Aberto
SUSTENTÁVEL
GUILHERME BARROS
Nelson Jobim (Defesa) abre o 2º Fórum de Desenvolvimento Sustentável, em 2 de maio, em Nova York. Promovido pela Anubra (Associação das Nações Unidas - Brasil), instituição vinculada à ONU, o evento terá entre os palestrantes o ex-presidente Bill Clinton e o Nobel da Paz Al Gore. São esperadas 400 pessoas, entre empresários e políticos brasileiros e estrangeiros.
Jornal do Brasil

Dengue tipo 4 chegou à América do Sul. E é a nova ameaça
Um dia depois de cobrar dos prefeitos empenho no combate à dengue, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou de tom e, durante a abertura da 11ª Marcha de Prefeitos, dividiu com municípios, governos estaduais e cidadãos a responsabilidade pelas ações de prevenção à doença e atendimento a pacientes infectados pela dengue.– Se alguém disse que eu dei um pito nos prefeitos, esse alguém mentiu – disse Lula.– É um mutirão de conscientização que nós precisamos fazer neste País. A responsabilidade, na verdade, é de 190 milhões de brasileiros, é de todos os prefeitos, de todos os governadores, do presidente da República e de quem mais estiver nos ouvindo e quiser participar desse mutirão para a gente matar o mosquito antes que ele nos mate.O presidente ainda chamou atenção para a ameaça da entrada da dengue tipo 4, já existente em alguns países da América do Sul, no Brasil. E alertou governadores de Estados da região Nordeste atingidos por enchentes para o risco de novos focos da doença durante a estação de chuvas. Durante o encontro, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reforçou a intenção do governo de criar uma Força Nacional de Saúde que, a exemplo do que já acontece na área de segurança pública, uniria militares, Defesa Civil e ministério em uma força que atuaria em situações de emergência nos Estados. A ação do governo federal no Rio de Janeiro seria uma espécie de piloto dessa força, disse Temporão.MedidasAplaudido e elogiado pelos prefeitos que discursaram durante a cerimônia, o presidente lançou uma série de ações que beneficiam diretamente as prefeituras. Decreto assinado, ontem, pelo presidente Lula permite a adesão de prefeituras a convênios com o governo federal pela internet, através de portal específico, e reduz o volume de informações exigidas das administrações municipais para a realização desses convênios. O presidente ainda enviou ao Congresso projeto de lei que determina a necessidade de convênio de cooperação entre Estados e municípios na prestação de serviços de transporte escolar para a rede pública de ensino.– Se o Estado não fizer o convênio de cooperação com a prefeitura, o recurso do transporte escolar rural que hoje nós passamos ao estado será repassado diretamente para o município – informou o presidente.Lula aproveitou a ocasião para pedir apoio aos prefeitos para a aprovação da proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso e defendeu mudanças na distribuição do ICMS no interior dos Estados. Segundo o presidente, o governo enviará ao Parlamento uma PEC propondo novos critérios de partilha do imposto.– Não podemos mais conviver com a realidade em que alguns poucos municípios chegam a receber até 130 vezes mais recursos per capita do ICMS, em comparação com outro município do mesmo Estado – criticou o presidente. (K.C.)
Jornal do Brasil

Opinião
Antes da guerra de religiões
Candido Mendes
A Fundação Cultura da Paz acaba de realizar, em Barcelona, reunião estratégica para se dar conta desta nova ameaça do século 21. Ou seja, como a partir do 11 de setembro, o confronto das identidades coletivas ameaçadas pela hegemonia ocidental pode ir à "guerra de religiões". Não as clássicas, das etapas das conquistas e do avanço do poder com a fé, ou das éticas desassombradas da conversão. Mas esse afastamento interior das culturas especialmente a islâmica, que passaram da conquista colonial à "modernização" envolvente de nossos dias, que faz da perda da sua subjetividade o preço de estar no mundo global, suas benfeitorias e exclusões.Reuniram-se na Catalunha o Conselho Mundial de Igrejas, as fés reformadas do Norte da Europa de par com os católicos da Pax romana e da Abadia de Montserrat, o islã através da voz do ex-Presidente Khatami do Irã, os judeus como o Grão Rabi de Paris, e as comunidades ortodoxas que vão aos templos apostólicos no Oriente Médio, com sua Santidade Arkan I, chefe do credo da Cilícia, e Caldeia, ou com os prelados da Igreja Assíria.Está-se em tempo de repúdio a toda tentação fácil da retórica, em toda conversa sobre a paz mundial, e o encontro foi a questões cortantes, quando a viabilidade, ainda, entre as três religiões do livro do que seja uma entente ou uma plataforma mínima para vencer uma "civilização do medo"; da proliferação dos homens-bomba; ou do entorpecimento da defesa dos Direitos Humanos; ou da retomada cabal das ameaças de Bin Laden contra a Europa; e as provocações holandesas no denegrir o islã.Não haveria apelo à religião, assentada sobre a recuperação da paz que não se desse conta, de saída, do verdadeiro universal, que representa a conquista dos Direitos Humanos. Mas o escândalo aí está, na interpelação feita ao mundo ocidental. Como avança o mundo do homem e suas prerrogativas se a luta contra o terrorismo envolve, ao mesmo tempo, o completo desrespeito a acusados de saberem qual o seu crime, e de serem efetivamente processados, saindo do limbo e do horror de Guantánamo?A conferência insistiu sobre os paradoxos a que pode levar uma visão absolutista desses Direitos, no sustentar-se, a qualquer preço e a seu risco, pelos deputados holandeses ao que vêem como liberdade de expressão, no denegrir e chegar à blasfêmia nas provocações repetidas que estão marcando este 2008?Pouco se poderia fazer, por outro lado, nesse avanço sem nos darmos conta do limite alcançado pelos universos mediáticos, e ainda a teimosia de preconceitos e idéias feitas, ou de uma desconfiança básica entre os credos, quando o arrefecimento do ecumenismo pós-Vaticano II impediu a grande esperança, ainda de uma vintena, quanto ao trabalho do Conselho Mundial das Igrejas. Volta-se à visão da fé na complexidade cultural contemporânea, a que abre um caminho tão rico o atual pontificado.Ficam as interpelações de até onde o diálogo entre a crença e a ciência, que reitera o papa Ratzinger envolveria um aprofundamento à crítica do relativismo – que vê Bento XVI com a marca do mundo pós-moderno. O mais rico sem dúvida será o próximo passo, que busca, em contrapartida, as prioridades efetivas dos Direitos Humanos, a partir desta nova intelligentsia islâmica que brota no Mediterrâneo. Não é outra a melhor resposta à catequese dos homens-bomba e a superação do "altericídio" da rejeição radical do outro – que alimenta o estopim da Al Qaeda.
O Estado de São Paulo

Descoberta põe o País em novo patamar, diz AIE
Para agência internacional, investimento não será barato
Jamil Chade
A Agência Internacional de Energia (AIE) se surpreendeu com a notícia sobre o megacampo de petróleo encontrado pelo Brasil e diz que a descoberta “coloca o País em um novo patamar no cenário internacional”. Segundo a agência, a produção da nova reserva terá um importante impacto para o mundo. “Essa é uma grande notícia tanto para o Brasil como para o mercado de petróleo no mundo, principalmente diante dos altos preços”, afirmou o embaixador William Ramsay, um dos dirigentes da agência, com sede em Paris, França, e o formulador, durante anos, da política energética americana.“O campo de Tupi já era uma grande descoberta. Isso agora, com capacidade cinco vezes maior, é surpreendente. Estamos falando de uma enorme descoberta”, disse Ramsay, que já serviu como negociador no Congo, Arábia Saudita e em outros países produtores de petróleo. Para ele, o governo brasileiro terá de tomar “algumas decisões muito estratégicas”. “Em primeiro lugar, o Brasil terá de decidir quanto vai querer investir no campo. Não será nada barato e o governo, a Petrobrás e a sociedade terão de tomar decisões sobre qual será a conta que estão dispostos a pagar. Isso determinará o ritmo dessa nova produção para o mundo.”Segundo Ramsay, a nova descoberta “coloca o Brasil em um novo patamar no mercado de petróleo”. “Se toda essa capacidade se confirmar, o Brasil passará a ser visto de outra maneira no mundo.” De acordo com a AIE, o Brasil terá de decidir como vai colocar esse petróleo no mercado no futuro. “Certamente o Brasil não vai querer inundar o mercado e fazer os preços baixarem no futuro. Mas será uma decisão estratégica.” OPEPO embaixador americano, porém, espera que o Brasil não tome a decisão de aderir à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). “Espero que, no Brasil, a razão prevaleça e o governo não tome a decisão de seguir por esse caminho.”Para a AIE, a entidade deve ser considerada um cartel, e não ajuda no desenvolvimento da produção do petróleo no mundo. “A descoberta de enormes reservas não precisa significar a mudança para um caminho que não vai ajudar a ninguém, nem ao Brasil e nem ao mundo”, concluiu o embaixador.PASSO A PASSOAntes da perfuração: estudos topográficos e sísmicos indicam a possibilidade de existência de óleo em rochas do subsolo.Poço pioneiro: o primeiro poço mapeado pela exploração pode ou não descobrir petróleo. Resultado positivo não indica ainda a existência de uma jazida comercial.Poços de extensão: se bem-sucedido o poço pioneiro, as empresas têm de comunicar a descoberta à ANP. São, então, perfurados poços de extensão no entorno para definir dimensões da jazida.Reservas: a empresa começa com poços de extensão (a quantidade pode chegar a 20, dependendo da área) a avaliar o tamanho do reservatório. Cada poço exploratório em águas ultraprofundas custa em torno de US$ 60 milhões.Comercialidade: o campo só é considerado viável comercialmente se o volume, qualidade do petróleo e tempo em que permanecer em produção cobrirem, com lucro, os custos de retirada do óleo.Desenvolvimento: comprovada a viabilidade, serão perfurados os poços de desenvolvimento (perfurações definitivas de produção do campo). O número de poços de produção de um campo depende das características do reservatório.Sonda: a sonda, utilizada para perfurar poços, é composta por uma torre da altura de um edifício de 15 andares que sustenta os tubos de perfuração. Os tubos, que conduzem a broca, passam por uma mesa giratória, na base da torre, e, por rotação, vão atravessando as camadas do subsolo.Perfuração: a perfuração é um trabalho ininterrupto. A cada 27 metros os sondadores encaixam um novo tubo. A vida útil da broca, que está na extremidade do primeiro tubo, é relativamente curta e ela precisa ser trocada várias vezes durante a sondagem.Grande profundidade: se o poço estiver a 4 mil metros, serão necessárias mais de 200 operações com tubos para troca da broca. Nas perfurações submarinas, a sonda é instalada sobre plataformas fixas ou móveis e navios.Plataformas: as plataformas que operam na Bacia de Campos custam entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões e retiram óleo a 3 mil metros de profundidade. Para as bacias da camada de pré-sal, estima-se a operação a 7 mil metros. Ainda não há informações sobre custos de plataformas de produção
O Estado de São Paulo

PF começa a patrulhar Serra do Sol
Grupo de 70 homens armados está no Distrito de Surumu, vilarejo próximo à área controlada por arrozeiros
Roldão Arruda
A Polícia Federal começou ontem a patrulhar a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Por volta das 15 horas um grupo de 70 homens fortemente armados chegou ao Distrito do Surumu - vilarejo situado na entrada da terra indígena e próximo às áreas controladas por arrozeiros, que se recusam a sair da área. Logo à frente do grupo iam dez homens do Comando de Operações Táticas - um dos mais bem treinados da instituição para o enfrentamento de situações de risco e de violência. Usavam capacetes, coletes à prova de bala e escudos, além de portar armamento pesado.Apesar do receio de alguma reação da parte dos grupos contrários à criação da reserva Raposa Serra do Sol e à retirada dos não-indígenas da área, a chegada da Polícia Federal foi tranqüila. Eles vieram em 20 picapes, que também foram usadas para o transporte de equipamentos e armas.No fim da tarde já tinham sido instaladas duas barreiras na estrada de acesso a Surumu, para controlar a passagem de pessoas para a área indígena.Ontem, a PF também instalou barreiras no Passarão, outro vilarejo, às margens do Rio Uraricoera, onde funciona uma balsa que dá acesso à Raposa Serra do Sol. As duas passagens são importantes para os índios e também para os arrozeiros. É por elas que se faz o escoamento da produção de arroz, cuja colheita começa nos próximos dias.MOBILIZAÇÃOAlém dos homens da PF, foram mobilizados 100 policiais da Força de Segurança Nacional. Eles foram os primeiros a sair de Boa Vista, na segunda-feira, acampando na terra indígena São Marcos, que faz fronteira com a Raposa. Hoje os federais se uniram a eles, com uma fila de quase 40 veículos, incluindo um caminhão de combustível, que se deslocou pela BR-174.O objetivo da operação, segundo explicações de seu coordenador, delegado Fernando Segóvia, é garantir a segurança e a tranqüilidade dos moradores até que a Justiça chegue a uma decisão final sobre a criação da Raposa Serra do Sol - que está sendo analisada no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das precauções policiais, o risco de conflitos na região não está completamente afastado.Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o arrozeiro Paulo César Quartiero, que liderou dias atrás o movimento de resistência à operação de retirada dos não-indígenas da área, voltou ontem a assumir oficialmente o cargo de prefeito de Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Ele havia sido afastado em março do ano passado, acusado de corrupção eleitoral.Seu primeiro ato administrativo, assinado ainda ontem, foi um decreto no qual transfere a sede administrativa do município para o distrito de Surumu. “Amanhã já estarei lá para despachar”, disse ele, logo após a retomada da cadeira de prefeito. “Não tenho nada a ver com a chegada a PF. Vou para lá porque existe uma situação de emergência: precisamos consertar as pontes e as estradas, para garantir o escoamento da produção de arroz, antes da chegada das chuvas.”O local é emblemático. Segundo os índios, seu verdadeiro nome é Comunidade do Barro. Mas, segundo o arrozeiro e prefeito, trata-se de um distrito de Pacaraima - criado há dois anos pela Câmara Municipal, controlada por ele. Para o Ministério Público, Pacaraima não existe, porque todo seu território foi englobado pelas terras indígenas São Marcos e Raposa Serra do Sol. Conseqüentemente, o distrito também não pode existir.Foi lá em Surumu, ou Comunidade do Barro, que os arrozeiros concentraram suas forças, dias atrás, para impedir o avanço dos federais. No momento, é o Conselho Indigenista de Roraima, que encabeça a luta pela criação da reserva, que está levando índios para lá.
O Globo

Defeitos param trens e barcas na hora do rush
Tumulto na Central do Brasil só é controlado pela polícia com o uso de gás de pimenta
Sérgio Meirelles*
Um problema mecânico com um trem vazio que chegava à Central do Brasil e um defeito em uma barca que faz a travessia Rio-Niterói deixaram milhares de passageiros a pé, ontem à noite, no Centro do Rio. Na Central, a interrupção na circulação dos trens por uma hora e meia levou a um tumulto nas plataformas e no saguão da estação. A Polícia Militar foi acionada e usou gás de pimenta para conter a confusão. Na estação das barcas da Praça Quinze, uma embarcação quebrada causou atraso de 20 minutos e filas imensas. Atraso na estação das barcas chega a 20 minutos A confusão na Central foi causada por uma pane no pantógrafo, equipamento que alimenta de energia o trem. O defeito causou o desligamento geral da rede que alimenta a SuperVia. Segundo passageiros, a demora da SuperVia a decidir se devolveria as passagens em dinheiro ou em tíquete para uma nova viagem causou um tumulto, que teve de ser contido pela PM. A circulação dos trens, de forma precária, só foi retomada por volta das 20h30m. Marta Aguiar Cardoso, de 38 anos, que mora em Queimados, chegou à Central pouco antes da pane nos trens: - Peguei apenas parte do dinheiro da passagem de volta, porque paguei com RioCard - disse ela. Os amigos Hélio de Souza Nunes, de 31 anos, e Alessandra Alves Oliveira da Silva, de 23, chegaram à Central às 18h30m. Alessandra ia para a faculdade e Hélio, para casa, em Comendador Soares. - Não fomos orientados em nada. Perdi minha faculdade e ainda vou ter de gastar dinheiro com ônibus - reclamou Alessandra. Segundo a Barcas S/A, a embarcação que faria a linha Rio-Niterói às 18h20m apresentou um problema mecânico e, com isto, houve um atraso de pelo menos 20 minutos. O defeito na barca obrigou a que cerca de 1.300 passageiros aguardassem a chegada do próximo catamarã social, por volta das 18h40m.
O Globo

Reservas, só daqui a três meses
Gabrielli diz ser preciso perfurar mais poços para concluir avaliação
Mônica Tavares e Ramona Ordoñez
BRASÍLIA, RIO e CANCÚN (México). O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella, afirmaram ontem, em eventos distintos, que a avaliação das reservas da área Carioca, na Bacia de Santos, pode demorar três meses. - Não podemos confirmar essa estimativa (os 33 bilhões de barris citados pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, na véspera). Estamos em estágio muito inicial. Em geral, diria que leva de um a dois meses para terminar a perfuração e que logo teremos tempo para a análise, o que significa que dentro de três meses teremos informações para saber o que está acontecendo realmente - disse Gabrielli, que participou ontem do Fórum Econômico Mundial em Cancún. O executivo acrescentou que a Petrobras está fazendo perfurações a três mil metros de profundidade no campo e que fará mais perfurações, que alcançarão sete mil metros. Estrella, que participou, ao lado de Lima, de uma audiência sobre royalties na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, evitou polemizar com Lima. Quanto ao prazo de avaliação, afirmou: - É difícil dizer. Em três meses talvez a gente possa ter as primeiras condições concretas de começar a pensar em estimativa - disse Estrella. - Estamos no processo de avaliação da descoberta e estamos nos preparando para testar o poço. Somente após o teste e a interpretação das curvas de produção, e vai demorar um pouco, somente após esse período de avaliação é que nós podemos iniciar, pensar nas estimativas dos volumes que estão lá (na área Carioca) relacionados. Geólogo: empresa já tem projeção de reserva antes de furar poço As petrolíferas só têm condições de saber o volume exato de reservas de um campo após a perfuração de, no mínimo, dois a três poços. No entanto, as empresas fazem projeções de reservas prováveis de óleo e gás antes de perfurar o primeiro poço. O geólogo Giuseppe Bacoccoli, professor da Coppe/UFRJ, disse que, para se perfurar um poço, os técnicos rodam programas nos computadores com os dados sísmicos e geológicos, para se fazer uma previsão de reservas que vão determinar onde será realizada a perfuração. Os dados, porém, são sigilosos, e as empresas só divulgam oficialmente os dados quando têm maior certeza sobre as projeções. - Até para se furar o primeiro poço é preciso ter uma avaliação do potencial, porque os custos são muito elevados- explicou Bacoccoli. Bacoccoli lembrou que os técnicos da ANP são capazes de fazer essas projeções, pois a agência faz tais projeções para fixar valores mínimos nos leilão de oferta de áreas. Uma fonte do setor disse que o vazamento de informações sobre os trabalhos em Carioca pode ter partido de pessoas de dentro de uma das três empresas do consórcio. Essa fonte lembrou ainda que, nos últimos anos, muito executivos da área de Exploração e Produção da Petrobras foram para a iniciativa privada, e podem ter ainda acesso a informações privilegiadas da estatal. O diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, disse que a empresa está reavaliando os investimentos no Equador. A companhia, que investiria US$500 milhões entre 2008 e 2012, analisa a rentabilidade de seus novos projetos, como o desenvolvimento de um novo campo, depois de o governo equatoriano ter aumentado os royalties sobre a produção de 50% para 99%. A Petrobras estuda a compra de mais uma refinaria, agora em Aruba, da americana Valero, com cem mil barris de capacidade diária de processamento. (Com agências internacionais e Bloomberg News)
O Globo

Putin amplia poder ao aceitar chefia de partido
Em fim de mandato, presidente russo é escolhido por unanimidade líder do Rússia Unida e se prepara para ser premier
Vivian Oswald
MOSCOU. A três semanas de entregar a Presidência da Rússia ao sucessor, Vladimir Putin mostrou que deixa o cargo, não o poder. Mais fortalecido do que nunca, foi aprovado por unanimidade ontem como presidente do partido mais importante do país, o Rússia Unida, e confirmou ter aceito o convite do presidente eleito Dmitri Medvedev para ser premier. O anúncio foi feito ao fim do IX Congresso do partido. Seu nome deve ser confirmado pela Duma (Câmara baixa do Parlamento) no dia 8, um dia após a posse do novo presidente. Já o cargo de líder máximo do Rússia Unida, concebido especialmente para Putin, tem validade de quatro anos. - Aceito o convite. Estou pronto para receber a responsabilidade e chefiar o partido - disse, aplaudido de pé. Futuro de partidos menores ainda é incerto A notícia era dada como certa por especialistas. No entanto, ainda há dúvidas sobre o que representa de fato a manobra. - Putin pode querer fortalecer o partido e torná-lo o agrupamento político dominante na cena russa. Mas pode ter feito isso apenas para se proteger. A Constituição permite ao presidente solicitar, sem qualquer explicação, a demissão do premier. Isso não vai acontecer porque eles são amigos. Mas a chefia do partido é uma garantia a mais - disse o diretor do Centro Carnegie de Moscou, Nikolai Petrov. Há quem diga que pode ser o início de uma nova configuração do sistema político partidário russo, que deve ganhar mais estabilidade. Mas ainda não se sabe, por exemplo, sobre o futuro dos outros partidos, que não tiveram espaço para competir nas últimas eleições. De qualquer forma, o novo formato do Rússia Unida - criado com ajuda do Kremlin em 2001 - confirma que o próximo governo terá o premier mais forte da Rússia. Putin, que tem 86,5% da aprovação dos russos, terá sua autoridade reforçada pela chefia do partido, que detém mais de dois terços do Parlamento. Esta será a segunda vez que Putin terá a função de premier. A primeira foi no governo de Bóris Yelstin.